terça-feira, 31 de maio de 2011

AS PALAVRAS QUE NÃO LI NA MADRUGADA DA POESIA

Quando o Jorge Castro me enviou o convite para as MADRUGADAS DA POESIA na Biblioteca Operária Oeirense, eu desconhecia as regras de funcionamento da sessão, então emailei-lhe a perguntar como era, e ele respondeu, das seguintes maneiras:

Pergunto eu:

Castrissimo Jorge:

Pára-quedista que sou de curta data, e não tendo cumprido ainda um ciclo duodecimal de actividade para – poética, desconheço qual o ritual do “nosso encontro anual com a poesia de todos nós”… a cumprir peregrinamente a 13 de Maio na Cândido dos Reis…

Será que terá de falar de virgens e pastores e salvações do mundo, e azinheiras e segredos, ou é mais não sujeita a tema, e cada qual leva os seus juntamente com os pastelinhos de bacalhau e o arroz de pimentos?

É só para não ser apanhado na curva por alguma brigada do costume… e aí eu disse nada.

Se puderes esclarece a minha dúvida…

Eduardo Martins


Responde ele:

Olá.

Nada de programação, nem de tema. Poemas a rodos, o que se queira e te esteja a apetecer. A malta inscreve-se e a coisa vai andando de roda... Quando as cabeças já estiverem tontas q.b., sai (ou entra...) repasto. É simpático. Por vezes há cantorias com a prata da casa que, com as Cramolitas é sempre de primeira água... Não te esqueças é de telefonar para lá a marcar presença.

Grande abraço.

Jorge Castro


Esclarecida que estava a questão, muni-me de cópias de algumas das tais crónicas que há uma duzia de anos enviara para o "Sol Português" do Canadá, e que me pareceu que, ou ainda tinham alguma coisa a ver com a actualidade, ou diziam respeito a situações que mexeram comigo na altura, e que talvez não seja disparate relembrar.

Estava assim preparado para uma serie de rodas de leitura...

Sequencialmente, aqui vão elas:

LISBOA QUE AMANHECE 1
Apesar do titulo desta coluna ( ou correspondência?), ainda não é desta vez, que vou crónicar sobre a Lisboa que amanhece.
É antes sobre a Lisboa que entardece. Ou anoitece? E já vão perceber porque me custa escrever sobre isto.
As cidades são invenções humanas, para o bem e (muito mais) para o mal, ou seja, têm crescido desordenadamente, e têm impedido os peões de as viver de uma forma lúdica, ou seja, nas ruas, praças e largos, vêem-se, de manhã e ao fim da tarde, exércitos, - exércitos, não -, magotes, bandos, porque não estão organizados, e felizmente não totalmente uniformizados, de gente, ou como diria o outro, de forças produtivas indo ou vindo de vender ou alugar a sua força de trabalho, esperando transportes, do ou para o local de residência onde vão restabelecer, se tal é possível, as energias, para no dia seguinte, se não for fim-de-semana, voltar à mesma rotina. Isto para já não escrever sobre os "motorizados", aqueles que enchem as ruas, as praças, os largos, os passeios, com os seus automóveis estacionados, geralmente mal, durante todo o dia, de preferência em frente da janela do escritório ou da porta do armazém ou da loja, para os irem controlando, não vá alguém meter-se com eles...(os automóveis, claro...)
O aspecto da festa livre e expontânea tem-se perdido, e no caso de Lisboa, têm estado confinados a muitos poucos locais, e com licenças de permanência passadas pela autarquia, os chamados "artistas de rua"...
Os "tantãs" modernos, os intercâmbios multiculturais, o vento que passa,  trazem, não como escrevia  Manuel Alegre, "noticias do meu país", mas dos outros países,  aqui do lado da Europa, onde são permitidas e, penso eu, não apenas toleradas, mas aceites como fazendo parte de "outra" cultura, as "festas" de rua- acrobatas, malabaristas, homens- estátua, músicos, artistas plásticos, artesãos. Os tais, que como escrevi ali em cima, em Lisboa são confinados a menos de meia dúzia de sítios daqueles por onde as pessoas passam, porque para aqueles onde as pessoas não passam... eram capazes de autorizar muitos mais.!
Mas então o que entardeceu  ou anoiteceu em Lisboa?
Num sábado, de sol radioso e temperatura amena para a época, mais precisamente no dia 23 de Janeiro de 1999, à tarde, um grupo de jovens, cerca de 150, praticantes, amantes, apoiantes da tal "outra" Cultura, resolveu soltar a "Festa" pelas ruas de Lisboa, cantando, dançando, fazendo números circenses, no fundo animando-se, e procurando, se calhar não conscientemente,  aquilo que o Zeca Afonso há muito preconizou: " O que faz falta é animar- avisar a malta". Daí eles avisarem cantando, que "A rua é tua".
Claro que na euforia, alguns pormenores foram esquecidos, e a "Festa", foi entendida pelas entidades policiais como uma "Manifestação não autorizada", porque não tinha sido pedida ao Governo Civil, e aí susceptível de ser impedida! Mas quem se lembra de autorizações e datas marcadas para manifestar a alegria de estar vivo e em "Festa"? Só mesmo os "mortos", aqueles que fazem as comemorações nas datas marcadas, "porque tem de ser", haja ou não vontade para isso.
Daí, que até ao "diálogo", muito pouco coincidente com o apregoado pelo Governo, foi um passo, e sucederam-se vários "Encontros Imediatos do  3º grau" entre as ditas "Forças da Ordem", certamente desorientadas, por não encontrarem cabecilhas, nem organizações político- partidárias  por trás da "Manifestação" ,e os da "Festa", com os excessos que se calculam. Além de alguns feridos de parte a parte, uns provocados pelos "cassetetes" - literalmente  "quebra cabeças", da policia, outros pelas próprias cabeçadas dos polícias, outros provocados por aquilo que a polícia chamou tacos de "basebol", e eram inocentes instrumentos circenses dos malabaristas, as "maças", senhores, as "maças"!
No final, dois jovens detidos. Um deles, segundo declarações ao semanário "Expresso" de 30 de Janeiro, foi, depois de algemado, acorrentado nos pés, e agredido ao murro, ao pontapé e à joelhada, além dos inevitáveis mimos verbais insultuosos para o próprio e para a família mais próxima, por um "guarda" à paisana e sem identificação. O advogado do jovem vai apresentar um processo - crime por "abuso de autoridade, tratamentos cruéis e tortura"
Perceberam porque me custa escrever sobre isto?
Era um grupo de jovens que queria dar largas à sua alegria de viver, e que queria transmitir essa alegria aos outros, contra o "cinzentismo" e a monotonia. Claro que se "esqueceram" de alguns aspectos burocráticos para "legitimar" a sua explosão de alegria. E a polícia agiu.
Em conformidade, pergunto eu?
Eduardo Martins *

* Lisboeta, a pedir "Festa".

LISBOA QUE AMANHECE 2
No melhor pano cai a nódoa, e no mais simples texto de um Lisboeta a pedir festa, caem as "maçãs"...
Calculo que a "culpa" seja dos correctores automáticos e outras modernices similares! Na minha correspondência da semana andada, discorrendo sobre uma "festa" ocorrida nas ruas de Lisboa, escrevi sobre "maças" de malabaristas, perigosamente confundidas com tacos de basebol pelos zelosos elementos das forças da ordem. Confesso que embora conhecendo o termo, nunca o tinha visto grafado senão na reportagem do "Expresso" que então citei, e parti do princípio, que seria um daqueles termos do "jargão" corporativo, neste caso dos "malabaristas", - "maças" em vez de "massas", como por exemplo os jornalistas têm, e se pelam por "cachas", que para mim sempre foram "caixas", até as ter visto escritas daquela forma.
Agora malabaristas com "maçãs", confesso que só me vem à memória o Guilherme Tell, e esse não se pode dizer que gostasse muito de fazer o número a que o obrigaram, com a maçã, (sem "") em equilíbrio no alto da cabeça do filho, e ele a atirar uma flecha, mas isso foi há tantos anos, e naquela região onde ainda não havia muitos relógios e ainda menos bancos, sabemos nós lá o crédito que podemos dar à história!   
Se acaso leram o texto, e não entenderam em que contexto apareciam as "maçãs", aqui ficou a tentativa de esclarecimento.
Vamos agora a coisas sérias.
Na passada quinta- feira, 4 de Fevereiro, no canal de Televisão SIC, no programa de grande informação "Esta Semana", da responsabilidade da jornalista Margarida Marante, foi apresentada uma reportagem de outra jornalista, Cristina Boavida, colaboradora do programa, sobre o Alentejo. Vamos precisar: sobre o Baixo Alentejo, Distrito de Beja, Concelho de Odemira, ( o maior do país em extensão geográfica), Freguesia de Sabóia, alguns lugares em redor da sede de Freguesia.
Com uma particularidade: Esta zona, tem talvez a maior taxa de suicídios do Mundo! O valor local é cerca de 30 vezes superior à média nacional! A reportagem, de grande qualidade formal, com notáveis grandes planos das faces dos velhos, num registo quase neo-realista, (tive muitas vezes presente, embora ela não tivesse sido passada, uma grande canção do Vitorino, "Homens do Largo", saída há uns anitos (1985) , num óptimo disco-  "Sul",  de que me atrevo a transcrever parte do poema: " (...) Sentado num banco espera sempre / O Vento Norte/ O Sol- posto dita a sua sorte/ Já não espera mágoas, nem dá danos/ A ninguém/ Dorme, e já não volta/ Amanhã..." .
É isso mesmo. As pessoas em Sabóia matam-se por dignidade! Quando já não conseguem ser úteis, quando já não conseguem amanhar a courela, quando pressentem que podem passar a ser um peso para os outros, seja a mulher, os filhos ou os vizinhos, matam-se! E escolhem as mais variadas formas: Deitam-se a um poço, enforcam-se, tomam veneno, ou, mais arripiante, quanto a mim, uma forma composta, descrita com uma naturalidade arrasante: " Fulano, envenenou-se, tendo antes passado uma corda ao pescoço, e preso a corda a uma árvore, para morrer de pé, e não ficar para ali caído de qualquer maneira"!.
As apreciações feitas por técnicos especialistas sobre este fenómeno, indicam que não há, geralmente, causas do foro psiquiátrico nestas decisões, mas sim problemas sociais, nomeadamente a desertificação, o isolamento, a desagregação das famílias.
O Alentejo caminha a passos aceleradíssimos para a desertificação, é uma constante  incontornável de todos os relatórios de todas as entidades que sobre aquela região se têm debruçado, e não têm conseguido dar-lhe solução.
Será que devemos orgulhar-nos deste número de suicídios, (in) digno de participar em qualquer livro dos recordes, ao lado das mortes em acidentes rodoviários, e do consumo de álcool?
Eu por mim, tenho algumas duvidas, mas quando o que está em causa é a dignidade, a verticalidade, o não dobrar a espinha, o não lamber as botas, o não virar casacas, o não pedinchar aquilo a que se tem direito, atitudes estas em vias de extinção, será que não devemos  respeitar as decisões daqueles que querem escolher o seu destino, ou antes apoiar os projectos pretensamente desenvolvimentistas, que arrasam o que antes existia, o homem no seu meio? 
Será isto tudo assim tão linear?
O semanário "Expresso" (mais uma vez...) na sua edição de 6 de Fevereiro de 1999, no caderno "Imobiliário", indica que o preço dos terrenos em Beja - cidade, é mais caro do que em Lisboa, talvez devido a ausência de oferta. No entanto, todo o Alentejo está na moda, sobretudo desde que as acessibilidades foram melhoradas com as novas Auto- Estradas, e é "bem" possuir "montes" no Alentejo, para os fins de semana e as férias, se calhar adquiridos em condições muito vantajosas para quem os compra,  e sabe-se lá à custa de quantos dramas, de quantos abandonos, de quantos suicídios, de quem os vende.
"Mas a casa ficou tão acolhedora, tão bem decorada, a piscina é tão simpática, e a ultima festa foi um espanto, para a semana vem cá o director do departamento, a ver se conseguimos uma promoção para o Miguel lá no banco, para que é que nos vamos preocupar com uns homenzinhos e umas mulherzinhas que andam para aí a matar-se, que desagradável! "

Eduardo Martins* 
* Lisboeta, arrepiado.


LISBOA QUE AMANHECE 3
No momento em que tento iniciar esta crónica ( ou correspondência ?) sinto-me quase como o outro, o guarda - redes, ou melhor, com a angustia que ele sentia no momento do "penalty", como escreveu com enorme propriedade, alguém, não garantidamente    " que Deus já lá tem" como afirma a letra do Fado,  mas alguém cujo nome não me ocorre nem por um bocadinho no momento em que tento iniciar esta crónica (ou correspondência ?) - onde é que eu já escrevi isto??.
É segunda - feira de Carnaval, à noite, à roda da hora de jantar, e o tema, ou os temas, não se vislumbram no "écran", (pantalha?, monitor de 15 polegadas de baixa radiação?), e muito menos no teclado do computador. Eu gosto de encadear os assuntos, porque, como escrevia alguém, ( e este alguém lembro-me, - será do nome próprio?-, foi o Eduardo Guerra Carneiro, entre outras coisas poeta, transmontano e jornalista), " Isto Anda Tudo Ligado", afirmação judiciosa esta, que chegou a título de  livro de poemas nos idos quentes anos setenta (segunda metade).
Mas o encadeamento não chega, até que o "Jornal da Noite" da Televisão SIC me ajuda,  com duas magnificas notícias, acerca de duas personalidades célebres.
A primeira personalidade célebre noticiada televisivamente é o Ronaldo, aquele rapaz brasileiro de cabelo rapado ( skin head?) e dentes empertigados, que dá uns toques de futebol, e que teve um contratozito jeitoso em Barcelona, e agora actua em Itália, com base em Milão, como emigrante de luxo, com namorada modelo, (e também um modelo de namorada...) com um contratozito ainda mais jeitoso, o qual está em Portugal, de passagem, com a respectiva modelo "Ronaldinha", ambos para participarem como casal real no Carnaval de Alcobaça!. Alcobaça é mais conhecida pelas suas frutas, frescas e em compota, e também pelo seu Mosteiro e o seu claustro, mas também quer ser conhecida pelo seu Carnaval, (embora ainda não tenha chegado a ser tão célebre com o Rio de Janeiro...), daí que o Carnaval da região fosse anunciado como uma "Claustrofolia", mas estes  publicitários são uns exagerados, já se sabe!.      
Mas o Ronaldo, também veio cá imbuído do espirito "militante" de apoiar a candidatura de Portugal à realização do Campeonato Europeu de Futebol de 2004, não sendo esta a primeira vez que se mostra nesta campanha, para a qual já foram angariadas como apoiantes muitas outras figuras gradas do meio.
A segunda personalidade célebre televisivamente noticiada, é o Papa João Paulo II. Penso que ninguém duvida que é célebre, nem mesmo o autor daquela anedota (é Carnaval - quando escrevo...- ninguém  leva a mal...) acerca do Silva, personagem lusa conhecida local, nacional e internacionalmente de tal modo, e com uma imagem tão reproduzida por todos os "media", que quando visitou o Vaticano e o próprio Papa, ao ver a reportagem do encontro na televisão, alguém menos atento perguntou: Quem é aquele senhor vestido de branco ao lado do Silva? ...
Mas deixemos as anedotas! O Papa João Paulo II é mesmo célebre, e a sua postura ultimamente na defesa dos desprotegidos tem dado alguns resultados junto dos poderes instituídos, e, mesmo doente continua a peregrinar por todo o mundo, tendo já obtido o recorde do Papa que mais países visitou, e cujo solo beija a primeira vez que aterra em qualquer um, embora por vezes haja lapsos... (Timor, por exemplo...é ou não território sob tutela portuguesa?...)  depois de ter vindo a Portugal Continental e Insular (Madeira e Açores... porque Timor é meia ilha...) três vezes, com um atentado local pelo meio.
Agora foi convidado no Vaticano, pelo Bispo de Leiria e Fátima, a vir mais uma vez a Fátima, a 13 de Maio, data mítica, e de grande significado para os crentes, para eventualmente anunciar, não a candidatura, mas a concretização da Beatificação dos Três Pastorinhos, cujo processo está em curso há já algum tempo. O Papa, ainda não sabe se virá, problemas de agenda sobrecarregada com viagens..., mas o convite já lá está...
Como vêem, lêem, isto anda mesmo tudo ligado, consegui, não sei se com êxito, chamar à colação duas personagens célebres, uma mais futebolístico- fenomenal, outra mais político- espiritual, mas ambas, de facto, emigrantes de grande êxito no local onde exercem a sua actividade... e que com as  suas vindas efectivadas  ou esperadas e desejadas,  poderão continuar a contribuir para a visibilidade que Portugal obteve em 1998 no mundo, e não apenas por motivos menos desejáveis.
Como por exemplo o sermos uns irresponsáveis sem cuidado nenhum, e continuarmos a brincar com a vida e a morte.
Além dos acidentes rodoviários e o consumo do álcool, também estamos "bem" colocados  nos acidentes de trabalho, nomeadamente na construção civil, e,  segundo anunciava a Organização Mundial de Saúde, num relatório agora divulgado, Portugal ocupava em 1997,  o segundo lugar da tabela de novos casos de SIDA em 48 países europeus, com 8500 infecções com o HIV, (lembrem-se que somos 10 milhões aqui no rectângulo europeu...), e só fomos ultrapassados pela Espanha...
 Eduardo Martins *
 * mascarado, nesta época carnavalesca, de preservativo, mesmo que o Papa não goste muito...  

LISBOA QUE AMANHECE 4
Caríssimos Leitores
Esta crónica (ou correspondência?) esteve até às 11h 30 p.m. de Segunda Feira, 22  de Fevereiro de 1999, em riscos de não sair, e isto devido a umas estranhas formatações (ai este calão informático!), que a senhora com quem compartilho cama, mesa, e vá lá, entre outras coisas, o computador,  resolveu fazer ontem na sequência de uns trabalhos profissionais, aqui no dito, mas ela, coitada,  tem uma relação muito conflituosa com estas geringonças, e geralmente, acontecem coisas prodigiosas, normalmente traduzidas em desaparecimentos de dados ,ou a sua arrumação em sítios (pastas?, arquivadores?) altamente insuspeitados em situações verdadeiramente surrealistas para um rotineiro como eu, que gosta de chegar aqui, e ter à sua disposição uma configuração conhecida, e não algo de novo, com quem tem de travar conhecimento, apresentar-se, falar sobre o tempo, etc.
Bem, mas isso, após uma luta titânica, parece estar ultrapassado. Vamos então à correspondência.
Uma nota de fim de noticiário televisivo, na SIC, ouvida e vista hoje, à hora de jantar, e, penso que divulgada noutros canais, faz fé de uma tentativa de recorde para participação no "Guiness Book of Records": Dois mil cães, e os respectivos donos, ( ou vice- versa?) saíram à rua no Arkansas, U.S. Cães de todas as raças e feitios, numa saudável demonstração democrática, ocuparam as ruas durante não sei quantos quilómetros, certamente deram largas à sua liberdade vocal, defecatória, e urinal, e ... entraram para o "Guiness"! Aí os cães, animais nossos amigos!
Já que lá atrás referi a senhora com quem há cerca de 28 anos compartilho várias coisas, e estava a falar de cães, aqui vai uma história (chata!) a propósito: Na semana passada, um bocado de borrego participou no nosso jantar. Só que ele, coitado,  estava do lado errado, quer dizer, foi comido. Nós pelo contrário, comêmo- lo..., e uma parte dos despojos ósseos, ( pequenita, pequenita), foi oferecida ao espécime de raça canina que compartilha há já uns bons anos o nosso espaço, enriquecendo- o  por vezes com umas humidades urinárias, ou mesmo com uns aromas materializados em roliços conjuntos cuja organicidade é no mínimo muito mal cheirosa! Mas isso, coitado é a idade, e a idade como todos sabem não perdoa... E foi então que a coisa aconteceu!
Quase nenhuns de  nós se pode orgulhar  de não ser deficiente, ou por falta de vista, ou dentes cariados ou a sua falta, ou de não possuir próteses, sendo as mais vulgares as visuais, vulgo os óculos, as lentes de contacto, e as próteses dentárias . Pois foi precisamente com uma prótese dentária, que a história (chata) aconteceu. Após a roedela ossal, e de o que restou ter  ido para o lixo, o canídeo, a meio da noite, sim, porque o animal, repousa e ressona em consonância connosco, no nosso quarto, mas no chão, em cima do tapete, porque se lhe fechamos as portas, gane toda a noite, e nem dorme nem deixa dormir, o espertalhão, escrevia eu, nessa noite às tantas fazia um barulho de roedela, suficientemente audível para nos acordar, e nos levar a ir tentar descobrir à cozinha como ele recuperara  o osso, o que não se conseguiu, e a seguir olhar para debaixo da cama, onde o querido cão estraçalhara completamente a prótese dentária da minha cara metade  que lhe caíra da boca durante o sono.... Deve ter sabido bem ao animal, restos de borrego no forno, esparregado, um kiwi, ..., e não soube nada bem à vitima, que se isolou em casa, depois de ter ido providenciar o novo apêndice, e aguardar dois dias pela sua entrega... evitando falar por motivos óbvios...
Por associação de ideias, cães, cães - policias, policias, lembrei-me de duas histórias, uma na sequência de uma crónica acerca de uma festa de rua em Lisboa, não compreendida  pelas forças policiais, e com actuações destas não muito em conformidade com os eventos. Os mesmos grupos que se tinham festejado então, resolveram, no Carnaval pedir a tal autorização ao Governo Civil de Lisboa, (sim porque senão o corpo é que paga...), e com o papelinho  na mão, já puderam voltar a fazer o que tinham feito anteriormente, até com membros das forças policiais a assistir, e até a rir-se das facécias efectuadas... Tudo acaba mais ou menos bem, quando um papelinho se torna omnipresente!      
A segunda  história, passa-se (mais uma vez...) com a tal senhora com quem há já uns aninhos compartilho muitas coisas.  Fazendo fé no catálogo das doenças, ela está bem fornecida em alguns aspectos, nomeadamente hipertensão, diabetes, etc., etc., e na sequência de uma ida ao médico, foi à farmácia aqui perto de casa, numa quinta- feira à tarde aviar os remédios receitados. O remédio para a tensão arterial cujo nome não divulgo, aconselhável aos diabéticos, é suponhamos XPTO - ML, e com letras azuis, o outro para os não diabéticos será XPTO com letras verdes.  Quando na sexta - feira  à tarde regressou a casa, encontrou um policia de plantão, e começou logo a tremer, temendo ir presa sabe-se lá por que horrendo crime. Mas não! O policia muito solícito e algo assustado, só lhe pedia para ir à farmácia, porque tinha havido um engano, e lhe tinham vendido um remédio errado, o que poderia ser fatal, e ainda mais fatal se, porque isto se passava antes da "ponte" do Carnaval, ela tivesse ido para fora, sabe-se lá para onde. Na farmácia, na noite anterior, ao verificarem os documentos deram pelo engano,e de acordo com o nome na receita, procuraram telefonar para todos os nomes idênticos, sem êxito, porque o telefone está em meu nome, no dia seguinte foram ao Posto dos Serviços de Saúde local, e pelo número do Cartão  dos Serviços de Saúde, descobriram a morada, contactaram a Esquadra da Polícia, que providenciou um elemento para garbosamente esperar pelo seu regresso. UHFFFF! Tudo acabou em bem!
Se tivéssemos ido  para fora, será que era posto no ar um aviso na rádio e na TV? Seria então a ocasião de a minha cara metade aceder ao tal momento de glória a que o Andy Wharol dizia todos nós termos direito, embora neste caso por razões, enfim, a que era completamente alheia?

Eduardo Martins *
* Lisboeta detentor de Esposa e Cão



LISBOA QUE AMANHECE 5
Lisboa está bonita! Aliás, não é difícil. A Primavera já chegou, as olaias estão floridas, a luz de Lisboa é uma coisa maravilhosa, a chamada (pelo realizador suíço Alain Tanner, há já uns anitos, quando fez um filme alusivo) "Cidade Branca", mostra como é possível numa soma  de cores  que se multiplicam, não diminuir a ambiência branca, dividindo-se por inúmeros fragmentos luminosos. (Não sei se gostaram desta alegoria matemática, com referência  às quatro operações aritméticas, e com uma profundidade poética, digna sei lá de quem...)
Lisboa está bonita! Mas esta afirmação pode ter várias leituras: "Estás bonita!", é afirmação que se produz, quando alguém, neste caso do sexo feminino, está por exemplo, constipada, e espirra ou tosse ou funga que nem uma desgraçada, ou então quando de cansada, não diz coisa  com coisa...
Atenção: produzo estas considerações no feminino, mas o equivalente masculino é igualmente verdade, os machos também se constipam, e também dizem disparates... só que... Lisboa é feminina, desculpem lá, já o Porto... bem, o Porto é palavra ( e cidade...?) masculina, Porto lembra marinheiros, mas marinheiros também lembram Lisboa... isto é muito complicado, e ainda mais exacerbado pelas   disputas futebol -clubísticas   do campeonato da 1ª Divisão, numa altura em que o campeonato com "penta" ou sem "penta" anunciado, quase se resolve a norte... Desculpem os Benfiquistas, os Sportinguistas e outros sofredores: Eu tenho autoridade para futebolisticamente falar em sofrimento: É que eu sou adepto do Belenenses... que fez esta época mais um mergulho na II divisão de "Honra...", mas é um grande clube, e tem o estádio mais bonito de Lisboa, com uma vista sensacional sobre o Tejo, embora isso não lhe tenha de um modo geral servido de muito...
Mas desporto não é só futebol, e os portugueses, desde há uma boa quantidade de anos, depois dos resultados maratonístico - olímpicos, primeiro do  Carlos Lopes, e depois da Rosa Mota, desataram a correr... não em velocidade, mas em resistência, sim porque quanto a resistência estamos conversados: temos resistido a cada coisa...
A moda das corridas de resistência tem destas coisas: É ver esforçados corredores ( e corredoras...) equipados a rigor, devorando quilómetros (e fumos de escape...) ao longo, por exemplo, da Avenida  Marginal, entre Lisboa e Cascais, preparando-se no mínimo, para manter uma forma física desejada, e no médio, ou máximo, para participar em eventos mais mediáticos, como foi  a "Meia Maratona de Lisboa", que se realizou no Domingo, 21 de Março de 1999, com o início da Primavera, pela  9ª vez: cerca de   22.000  atletas, passaram a Ponte 25 de Abril ( ponte que anteriormente tinha o nome de Salazar, que era um antí - fascista, conforme afirmação do Prof. José Hermano Saraiva em entrevista ao jornal "Publico", que muito tem sido glosada, gozada e odiada por aqueles com menos sentido de humor...)
Mas escrevia eu, que a passagem da Ponte 25 de Abril, com várias voltas depois, a caminho de Santa Apolónia, em vista aérea fazia lembrar (seria essa a intenção?) as corridas de Nova Iorque, as quais têm possibilitado imagens sensacionais da ponte de Brooklin.
A "Meia  Maratona de Lisboa", deste ano, foi ganha por atletas africanos do Quénia.
Mais uma vez, Lisboa mostrou o seu cosmopolitismo, o seu saber receber, a miscigenação de raças e culturas.
Nisto de raças e culturas, deixámos felizmente rastos por todo o mundo, e em muitos casos uma assimilação completa: Estou a lembrar-me daquele cabo- verdiano, que tendo sido, numa discoteca, chamado à atenção por um comportamento demasiadamente atiradiço em relação a um elemento do sexo oposto, por sinal oriundo do norte da Europa, e que não estava para ali virado, ripostou como que pedindo desculpa: - "Sabe, nós somos assim... é o nosso temperamento latino... "               

Eduardo Martins * 
* Lisboeta que não vai em corridas, porque a divagar se vai ao longe...


LISBOA QUE AMANHECE 6
Da penúltima vez que vos enviei a minha crónica (ou correspondência? ... eterna dúvida...), aqui a partir de Lisboa, dizia, escrevia, que a cidade estava bonita, o que, aliás, nem é difícil, quando a "matéria prima" é de boa qualidade, e se consegue "revesti-la" com materiais "fotogénicos"...
Desculpem lá o bairrismo, mas continuo a achar a entrada em Lisboa, vindo da "Ponte sobre o Tejo", ou "Ponte 25 de Abril", ou ex.- "Ponte Salazar", uma vista extraordinária, que quase sempre me emociona, e o mesmo acontece, quando aterro no aeroporto da Portela, (eu não! O avião em que viajo!), "em cada regresso a casa", como reza a poesia do Carlos T , para a musica do Rui Veloso, no "Porto Sentido", embora neste caso, seja mais a "Lisboa Sentida"... e bem sentida, vista lá do alto, com aproximações ao aeroporto únicas e alucinantes, com construções quase até ao limite da pista..., um verdadeiro aeroporto à porta de casa!
Pois não é, que os nossos estimados governantes, (não são só os actuais, que estas  intenções já têm algum tempo!) pretendem acabar com esta comodidade, de ter praticamente o aeroporto no quintal, e querem transferi-lo daqui para fora?
Ainda por cima não têm  unanimidade no local, ele há os defensores da Ota, a norte de Lisboa, no concelho de Alenquer, onde já existe uma base aérea militar praticamente desactivada, mas sem a dimensão de pista necessária aos actuais e aos previsíveis futuros aviões comerciais, o que poderia implicar o destruir um monte existente no enfiamento da pista, já que parece não dar muito jeito aterrar contra o monte, mesmo que ele esteja almofadado...
Há também os defensores do Rio Frio, na margem sul do Tejo, uma imensa herdade onde proliferam os sobreiros, que coitados, não estão preparados para suportar aviões, e teriam que ser sacrificados ao progresso.
Em qualquer dos casos os Estudos de Impacto Ambiental vão ter que se lhe diga...
É verdade: Certamente por mero acaso, a nova "Ponte Vasco da Gama", cuja decisão de localização foi unilateralmente tomada pelo Eng. Ferreira do Amaral enquanto Ministro das Obras Públicas do Governo maioritário do Prof. Aníbal Cavaco Silva e contestada por quase toda a gente, e cujos resultados de utilização, após um ano de abertura ao publico, têm deixado bastante a desejar, fica relativamente perto dos eventuais acessos ao potencial Aeroporto na versão Sulista... além de já ter provocado uma explosão de construção nos vizinhos concelhos do Montijo e Alcochete... o que não é novidade, já que quando a "outra ponte", a tal com vários nomes, entre os quais e primeiro, o do antifascista Prof. Dr. Oliveira Salazar, (isto no douto dizer do professor José Hermano Saraiva ) foi inaugurada, também gerou um crescimento desmesurado e desordenado das "urbanizações" e "loteamentos", que se multiplicavam indiscriminadamente quase sempre de forma clandestina, ou seja, sem licenciamento camarário, por não possuírem as necessárias infra-estruturas, e equipamentos de uso colectivo, tendo sido um dos negócios mais florescentes durante uma série de anos, visto que praticamente não havia gastos para os vendedores, a não ser umas vagas ruas abertas a "bulldozer", e mais tarde os compradores dos lotes, por exigências autárquicas, e também desejosos da legalização de situações irregulares,  têm que desembolsar somas significativas para a realização das infra-estruturas em falta.      
Mas isto, vinha a propósito de nos quererem, a nós Lisboetas, retirar a possibilidade de aterrar no quintal, e em minutos, depois de uma curta corrida de táxi, ou de uma pequena viagem de autocarro, estar no centro da nossa cidade, já que até ao momento, e pese embora o extraordinário desenvolvimento da rede de Metropolitano, com novas estações que são verdadeiras obras de arte (arrisco-me a escrever que neste momento, Lisboa deve ter  das mais bonitas estações de Metropolitano de todo o mundo) ainda não foi encontrada oportunidade para levar o Metro até ao Aeroporto...
Será que também os responsáveis pela estratégia do Metro- Desenvolvimento, acham que não vale a pena estar a abrir túneis, porque já tinham um "zum - zum"  de que o Aeroporto vai de armas e bagagens para outro lado?.
Mas acho que o Metro devia ser sempre levado até ao actual Aeroporto,  visto que mesmo que venha a ser desactivado, certamente alguma coisa lá vai ser construída, e uma estação de Metro será sempre bem vinda.
Vou confessar uma coisa: Gosto de andar de Metro! É rápido, é eficiente, é cómodo, só tem um contra, não se consegue ver a cidade de baixo para cima... o que não acontece com o avião, em que se vê bem a cidade de cima para baixo... só que não dá jeito nenhum apanhar um avião para ir do Cais do Sodré até à Alameda ou ao Campo Grande...
Eduardo Martins * 
* Lisboeta gostando de espreitar a cidade de cima, e tendo pena de não a conseguir espreitar de baixo...  

  

sábado, 28 de maio de 2011

CAFÉ COM POEMAS, NO "CAPUCCINO" EM CARCAVELOS, 27 DE MAIO





CAFÉ POEMA - A LUA



UM AMOR IMPOSSIVEL

Eu giro ansiosamente à tua volta
Todos os meses dou a volta inteira
À espera de te ouvir dizer
Para ir ter contigo!

Mas não! Vens com a desculpa
Das leis da física,
E que não pode ser!
E onde é que isto ia parar?

Mas eu sei muito bem
Qual é o teu problema
Tu tens é a mania das grandezas
E andas para aí às voltas ao Sol!

Mas o Sol tem mais que fazer
Do que estar interessado em ti
Quando tem tantos planetas
Que também não o largam!

Lá porque tens a mania
Que só tu é que tens vida inteligente!
Sabe-se lá se isso é verdade?
E mesmo que fosse?

Achas que o Sol te ia escolher,
Com esse tamanhinho,
Quando andam à volta dele
Uns planetas bem matulões?

Já eu, bem sei que sou pequeno
Mas estou aqui mesmo a jeito…
Porque é que não podemos
Quebrar as leis da Física?

Sei que a nossa atracção é mútua
É só eu parar um bocadinho
E zaz! Entro logo por ti a dentro!
Oh Terra, diz lá que sim à tua Lua!
  

Eduardo Martins
Carcavelos, Maio 2011



CAFÉ POEMA - A LUA


SEMPRE NA LUA

Dizes que estou sempre na Lua
E que não ligo ao que se passa cá na Terra
É mais outra das tuas contradições!
Se eu estou na Lua, não estou cá em baixo!

Dizes que estou sempre distraído,
Que deixo tudo por fazer,
Mais uma vez não é verdade!
Eu ando a resolver os problemas deste mundo!

Qual é a importância
Da roupa espalhada no chão
Quando estou quase, quase
A descobrir o movimento perpétuo!

Quando só me falta pôr a trabalhar,
(É mesmo, mesmo só o que falta!)
Um comboio com motor a ar não poluído,
E tu preocupada com a loiça do jantar toda suja!

Estás sempre a dizer mal de mim!
Que ando sempre na Lua!
Que não tenho os pés assentes na terra!
Que não tenho um emprego como toda a gente!

Toda a gente, toda a gente!
Cada vez há mais desempregados!
E esses em vez de andarem para aí nos Centros de Emprego,
Deviam era fazer coisas úteis, como eu faço!

  
Eduardo Martins
Carcavelos, Maio 2011

A 20 DE MAIO, NAS NOITES COM POEMAS, HOUVE BOLINHA VERMELHA








SATIRAS E EROTISMOS DE VERSOS DESPIDOS


MONÓLOGO DO VELHO SÁTIRO LUSITANO


Envelhecer é triste! O outro dizia que aos 60 anos se consegue fazer tudo o que se faz aos 20, só que não apetece… Onde é que os meus 60 já vão, cada vez me apetece menos…



Vou sentar-me a descansar … Deixa cá chegar a cauda para o lado com a mão, que ela já não se ajeita sozinha, e ainda lhe ponho o traseiro em cima …



Antigamente tinha tudo em pé! Embora a memória às vezes me pregue partidas, ainda me lembro desse tempo… As orelhas de bode! A cauda de burro! Até a narigueta achatada eu arrebitava! Para já não falar do cabelo… parecia que tinha visto bicho, sempre no ar… Havia outra coisa que eu tinha sempre em pé… mas não é em pé que se diz nas enciclopédias quando se referem  aos Sátiros…, como é que era??? era… ere… ção, será??? Esta palavra diz-me qualquer coisa…mas agora não me lembra o quê…o que é estava em erecção???



Eu já sabia que esta falta de memória ia acontecer, mas custa!

E o corpo! Todo empenado! Agora até coxeio, há para aqui qualquer coisa na pata…



A minha vida agora é recordar… coisas antigas, às vezes misturadas, vou lembrando…



Emigrei para aqui há bastante tempo, ainda a Natália Correia não tinha organizado a “Antologia da Poesia Portuguesa Erótica e Satírica”, e parece-me até, que ainda me convidou para algumas festas nessa altura…



Nós os Sátiros  nascemos na Mitologia Grega, mas fomo-nos multiplicando, espalhámo-nos  pelo mundo, e andámos para aí metidos em forrobodós e orgias que eu sei lá!



Os meus primos que foram para a Península Itálica,e por lá ficaram, até mudaram de nome, por causa da Mitologia Romana, passaram a ser os “Faunos” e têm-se divertido muito por lá…



Então ultimamente, com aquele primeiro ministro italiano, é cá cada festarola!!!



Tenho sabido disso pelos jornais e pela televisão!



Até houve alguns Faunos que vieram para cá, não sei quanto tempo ficaram, o Aquilino Ribeiro escreveu que “Andam Faunos pelos Bosques”, mas eu ainda não estava cá, e nunca cheguei a encontrar nenhum descendente desses meus primos… aliás com os incêndios florestais, o melhor que eles fizeram se calhar foi ir dar pulos e assustar donzelas para outro lado!



Os Sátiros que ficaram na Grécia, não estão muito satisfeitos com as orgias que há por lá! Aquilo é mais com o governo, ou com o desgoverno, e até falam em falência. “Falo”! “Falo”, ora aí está! Era a tal coisa, em erecção !!! Lá me lembrei!!!



Por aqui, isto também é uma crise, eu já meti os papéis para a reforma, mas descontei muito pouco,

porque andava sempre em orgias, estou para ver quanto é que vou receber…



Já ninguém nos procura para orgias à moda antiga, quando somos chamados é só para umas tretas, coisas sem graça, e os Sátiros sentem que estão a fazer coisas que, como é que se diz, fodem toda a gente, indiscriminadamente… e ninguém goza, nem mesmo os mais masoquistas…



Esta dor na pata, ainda a incomodar-me há já muito tempo, sou capaz de ter o casco encravado.

Tenho de ver se descubro algum Podólogo…



Eduardo Martins

Carcavelos, Maio 2011




SATIRAS E EROTISMOS DE VERSOS DESPIDOS



SONETO EXPERIMENTAL

Neste mundo em que me meto
De desnudada temática,
Não tendo nenhuma prática,
Atiro-me logo a um soneto!

Escrita de Versos Despidos
Em Sátiras e Erotismos?
Onde estão os moralismos
Em que fomos instruídos?

Versos Despidos, com o frio,
E a neblina matinal!
E o vento que vem do rio!

Eu não lhes desejo mal!
Não os quero fracos, sem pio,
Vistam-se! Ponto final!



Eduardo Martins
 Carcavelos, Maio 2011