domingo, 23 de setembro de 2012

NOITES COM POEMAS: O INFANTE PORTUGAL E AS SOMBRAS MUTANTES

No reenício das sessões, após as férias, houve "Cante" Alentejano, com o coral "Estrelas do Guadiana", e a apresentação do livro, o terceiro da série sobre o "Infante Portugal", neste caso acompanhado das "Sombras Mutantes", pelo seu autor de texto e conteudo, José de Matos Cruz, acompanhado pelos ilustradores, Daniel Maia e Suzana Rezende, e pela editora Fernanda Frazão, da Apenas Livros.

A minha prestação alusiva ao tema foi a seguinte:

INFANTIDADES

Infantes em Portugal, ele há muitos…
Para todos os gostos…
Há o Infante Santo, o Infante D. Henrique,
O Infantado…
Até mesmo no Exército, há a Infantaria…
(Mas para lhe fazer companhia,
Tem a Cavalaria, e a Artilharia…)
 
Infantes, é o que para aí há mais,
Alguns, cada vez mais macambúzios…, cabisbaixos…,
Direi mesmo trombudos…, elefantes…
 
Os Infantes Portugal, ou melhor, de Portugal,
Foram para todo o lado, ao longo de toda a história
De todo o Portugal, de todos os tempos…
 
Iam à descoberta, à aventura, por vezes à desventura…
Por vezes ficavam por lá, a bem ou a mal…
 
Uns foram de livre vontade,
Outros não agradecidos, mas obrigados,
Para as mais variadas expedições,
Exploratórias…, punitivas…, vingativas…
 
Os Infantes Portugal, ou melhor, de Portugal,
Tiveram acesso ao ensino, somaram cursos,
Alguns até os subtrairam…
Na mira de uma situação profissional estável,
E compatível com a Europa
De que julgavam fazer parte,
Mas donde os querem correr
Com o crescente desemprego e desespero.
 
Não há luz que alumie o buraco,
O túnel não tem fim, e os Infantes Portugal
Sentem sombras aliciantes e mutantes
Com requebros de governantes,
Com vozes sonolentas mas provocantes
Mandando-os partir de novo…
 
“Emigrem, Infantes, Emigrem, este país,
Portugal, não é para jovens, Infantes…
Façam-se de novo ao mar, descubram novos mundos,
Mandem dinheiro para cá
Para ajudar a liquidar
A sagrada dívida que nos ofereceram…"
 
E as sombras, aliciantes e mutantes,
Com requebros de governantes,
Continuam a debitar ideias, siglas, percentagens,
 
E os Infantes, e os menos Infantes,
Juntam-se contra as Sombras Mutantes,
E em multidão, juram num grito renascido,
Que o Povo unido jamais será vencido!
 
Mas as Sombras Mutantes
Olham para aquela multidão,
E de forma displicente
Dizem, “parecem governantes,
Onde é que pensam que estão,
A fazer juras para a gente?
Parece que nunca ouviram
Dizer que quem mais jura mais mente?”


Eduardo Martins
Carcavelos, 21 de Setembro de 2012
 


segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Em Julho, nas "Noites com Poemas", a Homenagem à "Apenas" Editora

Em Julho, com vem sendo hábito, nas "Noites Com Poemas", o tema é "Os Poetas da Apenas".
Dada a vastidão programática e até territorial do Programa, que incluiu a apresentação de um livro de Maria Ramil, "Vamos Andando, Poesia", de origem lusitana,  teve contribuições em Castelhano das Asturias, com a apresentação de um livro de José Luis Campal, também editado pela "Apenas" com o titulo "Nomenclator Cronológico de Poetas Portugueses del Siglo XX", e em Português com sotaque do Brasil, com o Livro de Poesia de Ana Maria Haddad Baptista "Cavalos sem Memória, também da "Apenas", eu não tinha preparado nenhuma poesia para a ocasião, e alusivo ao tema.

Foi durante a própria sessão, que fui rabiscando no meu livrinho, também de capa preta, mas não "Moleskine", um poema de homenagem à Alma da "Apenas", a Fernanda Frazão, que acabei por ler na altura própria...

Reproduzo o manuscrito, e a sua sofrida e riscada elaboração, que de tão cansativa, até se deitou... e depois a versão mais legivel, (espero...)


Mas que gostosos recados!
Que grande noite de Estrêlas!
Que gosto me deu "ouvê-las"!
Que momentos bem passados!
 
Cada um com os seus tons,
Do fundo do coração,
Deixaram-nos com emoção
Os efeitos dos seus dons...
 
Para além do nome "Apenas"
Há internacionalização,
De obras Grandes ou  pequenas ,
Com a "Marca" Fernanda Frazão... 
 


quarta-feira, 5 de setembro de 2012

A minha Neta Violeta fez 2 Anos!

É verdade!
A festa foi em casa dos outros Avós, e foi muito animada, tirando a "Infecção Pulmonar" da Avó Ana, que lhe tirou toda a genica e vontade de bem celebrar a data com a neta querida.

O Poema alusivo aos dois anos da Violeta, começou a ser feito no próprio dia 12 de Agosto, mas foi sofrendo revisões e acrescentos, e aboborou até hoje...

Aqui está a minha prenda de Anos à Minha Neta Violeta:

 
OS 2 ANOS DA VIOLETA
12 de Agosto de 2012
 
 Violeta, a minha neta
Que a si mesmo chama “Têta”!
É sem dúvida Violeta
A minha neta predilecta!
 
Predilecta, neta única,
Já sem fralda, lá está ela,
Sempre a despir a farpela,
Cueca, “T-shirt” ou túnica…
 
O seu mano, “Gu”, Gustavo,
É o outro neto existente,
A quem de modo insistente
Ela vai chamando “Tavo”!
 
Canta “Bó Nana” e “Bô Dado”;
Entoa “Bó Isa” e “Bô Rio” 
Também já grita por “Tio!!!”
Para o João ser chamado…
 
“ Memã!”, “Pepá!”, alerta
Quase desde a primeira fala
Só quando dorme se cala!
Fala e come, boca aberta…
 
Canta e dança todo o dia
Tem tanta vida a Violeta
Que ninguém se intrometa
Para parar tanta energia!
  
Com os dois anos a caminho,
Mandou fraldas para o caixote
E no bacio, penico ou pote,
Lá faz o seu xixizinho…
 
E se lhe dá a aflição
Quando está longe de casa,
Com apertos não se atrasa,
Há logo resolução!
 
A cueca é para baixar
Que aflição não é com ela!
No mínimo sai mijadela,
Com um viva! para culminar!
 
Aqui e ali, fosse onde fosse
Foi deixando assinatura,
Liquida, e mesmo sólida e dura:
Em Olhão, em pleno Pingo Doce;
 
Já na Alagoa em Carcavelos foi assim:
Estava com a bola a jogar,
Parou, baixou cueca, e  deu-lhe para regar
 com alentado xixi, o relvado do Jardim…
 
Comportamentos e sociais conveniências
São aos dois anos difíceis de aceitar…
Porque não há-de ela partilhar,
Com todos as intimas ocorrências?
   
Isto penso eu que pensa ela,
Do alto de toda a sua inocência:
Só mentes porcas vêem indecência
No escorrer de uma simples mijadela…
 
Eduardo Martins
5 de Setembro de 2012


Uma Questão de Física...

É sabido que o calor dilata os corpos, e que os corpos dilatados, (salvo algumas excepções devidamente comprovadas, e que não vêm agora ao caso...), ficam sem muitas das suas qualidades originais, tornando-se amolecidos, amorfos, sem grande vontade para reagir, inclusivamente para as suas necessidades mais elementares.

 Esta poderá ser uma desculpa esfarrapada para durante uma quantidade de tempo, não ter produzido palavras como as cerejas, até porque o calor a sério, só começou há pouco, mas enfim...

A produção poética, que no meu caso é muito pressionada pelas "encomendas", também se ressentiu da rarefação de solicitações...

Assim , tirando Coruche, e o Café da Vila, com "Um Poema na Vila" dedicado ao tema, "A Minha Rua", e que surpreendentemente revelou trabalhos muito interessantes de Poetas locais, e onde apresentei o poema que está a seguir, pouca ou nenhuma produção saiu...

 
A MINHA RUA
 
Na minha vida não há só uma rua
A que possa chamar minha.
Na minha vida, houve um largo e três ruas.
Houve um Largo,
Com o esclarecedor nome
De Domingos Tendeiro, em Belém.
Ali nasci e vivi, até aos dezassete anos.
O meu pai, o pai dele e o pai do pai dele,
Também já ali tinham nascido.
Ali, no Largo Domingos Tendeiro, Pátio 7, Porta 1.
Como antes de mim, lá nasceu a minha irmã,
E depois de mim o meu irmão.
O Largo Domingos Tendeiro foi a minha primeira rua.
A minha segunda rua, foi já em Carcavelos:
A Rua A, depois chamada de Principal,
Na Quinta dos Lombos.
Ali vivi até aos vinte seis anos,
No nº 13, R/Chão Esquerdo.
Quando casei, a minha terceira rua,
Foi noutra Quinta, a do Lameiro, na Parede,
Mas num 9º Andar, na Torre 3,
Numa rua chamada do Tejo...
Há vinte e três anos voltei para Carcavelos...
Para uma rua que agora tem o musical nome
De Fernando Lopes Graça...
E onde quase se ouvem as “Canções Heróicas”
E o grito “Acordai!” do poema de José Gomes Ferreira,
Se calhar tão actual de novo!
Como vêem, a minha rua têm sido várias.
Para já não falar daquelas, de empréstimo,
Que quase eram minhas, quando as frequentava.
Sonhando, sofrendo, namorando
Por causa disso, essas ruas
Também eram um bocado minhas
A minha rua tem tudo aquilo que uma rua
Que se preze deve ter, além do nome,
E da musica implícita:
Tem arvores de folha caduca,
Carregadas de pombos e rolas,
Que dejectam nos carros bem estacionados
À sombra, por baixo delas;
Tem falta de lugares de estacionamento
Para os residentes, durante os dias de semana,
 
Porque os professores da Escola Secundaria de Carcavelos,
Ocupam anarquicamente todos os lugares disponíveis,
Alastrando-se cada um, por dois ou mais lugares,
Certamente com receio de alguma riscadela na pintura...
Parece que os professores
Não frequentaram Educação Cívica,
Pelo menos no que diz respeito a estacionar carros
Além das arvores e dos carros,
A minha rua, também tem as casas
Onde moram as outras pessoas.
Uns são meus vizinhos,
Desde que viemos para cá,
E cumprimentamo-nos e dizemos piadas
Outros, não me conhecem.
São vizinhos mais recentes,
E pelos vistos malcriados.
Quando passo por eles,
Digo Bom Dia ou Boa Tarde,
Bem educadamente,
Como Bom Vizinho que procuro ser,

E eles não me respondem,
Mal educadamente
Não sei se têm medo que lhes peça:
Oh Vizinho, tem um raminho de salsa
Que me empreste?...

 Eduardo Martins
 Carcavelos, 10 de Julho de 2012