sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Uma Poesia para o Paulo Moura

O Paulo Moura, mentor e grandessissimo animador do blog "A Funda São", assim como a "São Rosas", outra grandessissima animadora, blog este que sigo, não digo religiosamente, porque isso pode ser considerado herético, mas digamos reverencialmente, dizia eu depois destes encómios, que o Paulo Moura mostrou na " A Funda São" uns calções, ou "boxers" em tricot que lhe tinham oferecido, que tinham uma bolsa central muito util quase para guardar uma botelha de qualquer coisa, se outros artefactos de generosa dimensão não a ocuparem...

Veio-me à memória um bocadinho de um poema do José Carlos Vasconcelos ouvida para aí há uns quarenta anos e que me fez um clique: Dizia assim: "Tricota a tua poesia tricota, meu grande filho da bota..."

E pegando nas agulhas e na lã da escrita, eu que penso não ser filho da bota, ofereci-lhe esta minha singela homenagem, que ele destacou de uma forma que muito me comoveu:

Aqui vai com a devida vénia, a foto do dito objecto de vestuário, e depois o escrito poema...



TRICOTA-ME UMA CALCINHA



Tricota-me uma calcinha
 de lã, que seja quentinha,
com uma bolsa avantajada,
para sempre ter aprontada
aquela parte que é minha,
e que quando está sozinha
sente um frio de estremecer
e só lhe dá para encolher
se não tem nenhum carinho.
Nem que seja com um dedinho
de outra mão que não a minha
começa logo a crescer
e do frio a renascer.
Penso logo em coisa quente
e peço de modo urgente
àquela mão que está ali:
Pões-me a fazer chichi?"


Eduardo Martins

Carcavelos, Janeiro 2012