segunda-feira, 24 de outubro de 2011

NOITES COM POEMAS

A 21 de Outubro, na Biblioteca Municipal de São Domingos de Rana, quando o tema apresentado pela Fernanda Frazão foi "As Cartas de Jogar, um Património Desconhecido", a propósito do tema, li o seguinte:


DESCARTES

Cartas amorosas

Cartas raivosas

Cartas odiosas

Cartas rancorosas



Cartas precatórias

Cartas rogatórias

Cartas convocatórias

Cartas provocatórias



Cartas geográficas

Cartas orográficas

Cartas hidrográficas

Cartas topográficas



Cartas enrugadas

Cartas amachucadas

Cartas rasgadas

Cartas afogadas



Cartas sofridas

Cartas mordidas

Cartas vividas

Cartas perdidas



Cartas certeiras

Cartas inteiras

Cartas verdadeiras

Cartas derradeiras



Cartas de recomendação

Cartas de reclamação

Cartas de exclamação

Cartas de admiração



Cartas de amor

Cartas de ardor

Cartas de dor

Cartas sem cor



Cartas para barcos pilotar

Cartas para aviões controlar

Cartas para carros e motas guiar

Cartas para poder jogar…



O jogo da vida…




Eduardo Martins

Carcavelos, Outubro 2011
 

CARTAS DE DESCOBRIR

As gentes que nas caravelas embarcaram
Por mares nunca dantes navegados,
Longos dias, semanas e meses penaram
Para dar novos sítios por achados…

Em seu redor apenas havia céu e mar
Por vezes calmos, muitas vezes agitados,
Nos tempos de ócios, dormir, comer e enjoar,
Jogar às cartas, sair ganhando ou derrotados.

Levavam baralhos de cartas sempre à mão
Para jogar quando a ocasião fosse propícia
E muitas vezes se gerava a confusão
Quando uns ganhavam demais, mas com malícia…

As cartas tinham naipes e figuras com valores,
Que eles aprenderam de um modo rude e natural.
Porque, se a bordo, iam frades de outros saberes conhecedores
Não lhos ensinavam, não fosse tanto saber fazer- lhes  mal…

Naqueles longos períodos ociosos,
Com jogos de cartas sempre a decorrer
Se passaram tempos que podiam ser mais proveitosos
A ensinar e a aprender, a ler, a contar e a escrever.

E assim com a sorte e o azar muito jogados
Portugal, a fé e o império a muitos lados fez chegar,
Com homens rudes, que chegavam destroçados
Seguindo os frades que os não quiseram ensinar.

Se com novos saberes fossem dotados,
Vidas mais ricas poderiam vir a ter,
Mas os frades só para a sua missão estavam virados:
Chegar, divulgar a fé cristã, e a todos os nativos converter.

 
Eduardo Martins
Carcavelos, Outubro 2011

domingo, 16 de outubro de 2011

NA JUNTA DE FREGUESIA DE CARCAVELOS EM 15 DE OUTUBRO DE 2011

Na comemoração do Centenário da criação da Freguesia de Carcavelos, em sessão de lançamento do livro "Toponímia de Carcavelos", além dos discursos institucionais, e da obvia apresentação do livro, houve musica e poesia.
Pelo lado da música, uma optima prenda oferecida à freguesia por um trio - piano, violino e violoncelo, - Mercedes Cabanach, Raquel Cravino e Luis Sá Pessoa, que arrebataram os presentes com estupendas interpretações, com relevancia para a musica de Astor Piazzola.
Quanto à poesia, os convidados foram por ordem alfabética e de apresentação, Carlos Peres Feio, Eduardo Martins e Jorge Castro.
Aquilo que eu li na sessão, foi o seguinte:



TOPONÍMIA DE CARCAVELOS

A importância do Nome

Todas as coisas, animadas e inanimadas têm um nome pelo qual são designadas ou qualificadas. Até mesmo as “anónimas” têm este nome – anónimas, que significa precisamente, “sem nome”…

São os nomes que identificam os lugares - becos, travessas, calçadas, ruas, largos, praças e avenidas. “Toponímia” significa em linguagem vulgar “o nome dos lugares”.

Existem na toponímia por vezes, repetições de nomes, até em lugares bem próximos, mas que espelham a importância e a relevância que as entidades a que se referem esses nomes têm para a memória colectiva, e a necessidade de as perpetuar dando o seu nome a lugares que por vezes não são os mais adequados aos que aquelas entidades mereceriam...

Depois há outro fenómeno que é o dos “Homónimos” – aqueles que possuindo o mesmo nome designam no entanto entidades distintas, muitas vezes sem nada em comum, a não ser precisamente o nome…

Por exemplo, o nome com que subscrevo este texto - “Eduardo Martins”, que é aquilo que designo na brincadeira como o meu “nome artístico”, não é nada raro. Referencio com o mesmo nome, como exemplo um conhecido armazém que ardeu no Chiado em Lisboa; um canalizador na Parede; uma antiga loja de bicicletas na Rua da Palma também em Lisboa; Há também em Lisboa na freguesia da Ajuda uma rua com o nome de “Eduardo Martins Bairrada” que foi arquitecto e estudioso da “Calçada à Portuguesa”.

Recorrendo aos motores de busca na Internet e procurando em “Eduardo Martins”, contendo estas palavras, há mais de quinhentas mil entradas, para Portugal e Brasil, embora, sejamos sinceros, muitas delas repetidas, mas que desse por isso, nenhuma se referia a mim...

Chego à conclusão que a minha relevância é muito restrita, “sou conhecido lá na minha rua”… e mesmo assim às vezes, nem “Bom Dia” nem “Boa Tarde”…por parte dos vizinhos…

Chega de falar de mim!

Falemos de Carcavelos!

“Carcavelos”: Freguesia do Concelho de Cascais, Distrito de Lisboa.

“Cascais” é um nome. Os estrangeiros que nos visitam e não ligam muito a preconceitos chamam-lhe “Cidade de Cascais”. E daí não vem nenhum mal ao mundo, nem nunca reparei que lhes corrigissem a expressão, até é uma promoção, porque cá na região, a designação mais corrente é “Concelho de Cascais”, para a totalidade do território, ou apenas para a parte histórica da freguesia de Cascais propriamente dita, “Vila de Cascais”.

Às vezes na imprensa, notícias redigidas por pessoas menos informadas das realidades e minudências da Administração Interna, também referem a “Cidade de Cascais”.

A propósito: Com o nome “Cascais”, seja localidade ou freguesia e muito menos concelho, não existe mais nenhum em Portugal…

No entanto, quanto a “Carcavelos”…:

Freguesia não existe mais nenhuma, mas há 9 localidades com o nome de “Carcavelos”, pertencentes a várias freguesias, nos concelhos de: Celorico de Basto; Góis; Monção; Oliveira de Azeméis; Soure; Vila Verde; e Viseu;

Mas uma coisa posso assegurar: Freguesia com o nome de Carcavelos, pertencente ao Concelho de Cascais, no distrito de Lisboa, com os becos, travessas, calçadas, ruas, largos, praças e avenidas com as designações que constam do livro “A Toponímia de Carcavelos”, não há mais nenhuma!


À procura da rua do meio
 

Hoje dei por falta de uma rua, a rua do meio.

Procurei no sítio onde habitualmente guardo as ruas

Estavam lá muitas, mas não estava a rua do meio,

Que era a que eu hoje precisava!



Fui à garagem ver se a teria deixado no carro.

Estavam algumas ruas estendidas no banco de trás,

Mas a rua do meio não estava no meio delas!

Onde é que a terei posto?



O que é que lhe poderá ter acontecido?

Como é que ela desapareceu?

Onde é que eu a poderei ter deixado?

Será que me roubaram a rua do meio?



Uma rua não desaparece assim,

Sem mais nem menos, sem se dar por ela!

Hoje de manhã saí à rua para comprar o jornal e beber um café.

E não me lembro de levar a rua do meio comigo.



Confesso que por vezes

Estou muito tempo sem ligar nada às ruas,

Nem sequer olho para elas.

Mas de vez em quando, levo algumas a passear



E elas gostam, gostam muito de ir à rua.

Chamam nomes umas às outras,

Dizem piadas, às vezes não têm cuidado,

Já houve uma que quase foi atropelada!



A rua do meio, já há muito tempo que não a vejo.

Mas hoje, precisava mesmo dela,

Para ver o que é que se passa no número 15 da rua do meio,

 E zás! Logo me acontece isto!



Estou mesmo aborrecido!

Eu sei que colegas meus também têm a rua do meio,

Mas são de outras terras, não é a mesma coisa

Mesmo que ma emprestassem, não resolvia nada.



Resolvi comer qualquer coisa

Fui à cozinha, abri o frigorífico,

E lá estava a rua do meio, muito fresquinha,

Metida numa travessa…



Eduardo Martins

Carcavelos, 15 de Outubro de 2011


sábado, 1 de outubro de 2011

CAFÉ- POEMA DE 30 DE SETEMBRO DE 2011

No Café Poema no Capuccino em Carcavelos a 30 de Setembro, onde o tema era "Guerra dos Sexos", como sempre incentivado pelo Sérgio Guerreiro, entre outras participações, li os seguintes poemas alusivos ao tema:


O FIM DA GUERRA



A guerra dos sexos é estúpida,

Como são estúpidas todas as guerras!

Há quem ataque e quem defenda,

E quem defenda que o melhor ataque é a defesa.



Se todas as guerras, como tudo, têm um fim,

Porque não começar logo pelo fim,

Pondo um fim à guerra,

Antes que ela resolva ter um principio?



Porque não dar ouvidos (e o resto dos corpos)

Àquele sábio conselho tão praticado

Durante as manifestações pacifistas?

FAÇAM O AMOR,NÃO FAÇAM A GUERRA!?




GUERRA DE PENSAMENTOS, PALAVRAS E OBRAS

Porquê a Guerra dos Sexos?
Os sexos têm tantas coisas em comum…
É certo que também têm coisas diferentes,
Felizmente! Se não era uma monotonia…

Mas porque é que se guerreiam?
Será porque um tem um coiso pendurado,
Enquanto o outro tem o coiso mais cavado?

- Mas coisos pendurados também tu tens!
-Tenho agora! Mas há alguns anos estavam bem arrebitados!
-Mas olha que o meu coiso também se arrebitava bem…

- Arrebitava, arrebitava… quando lhe cheirava a buraco!
-Já que falas de buracos, cuidadinho com os cheiros!
-O que é que queres dizer com isso?
- Que eu não sou asseadinha?

-Repete lá isso se és capaz!
- Queres levar uma nessa fuça?
- Parece que era a primeira vez que me batias!
-Só foram mal empregues as que não acertaram!

- Ai que já nem te posso ver!
- Anda cá que eu arranco-te os olhos!
- Retira o que dizes, senão enfio-te a mão pela goela abaixo!

- Olha que a goela não é aí…
-Mas isto também não é a mão…