domingo, 16 de outubro de 2011

NA JUNTA DE FREGUESIA DE CARCAVELOS EM 15 DE OUTUBRO DE 2011

Na comemoração do Centenário da criação da Freguesia de Carcavelos, em sessão de lançamento do livro "Toponímia de Carcavelos", além dos discursos institucionais, e da obvia apresentação do livro, houve musica e poesia.
Pelo lado da música, uma optima prenda oferecida à freguesia por um trio - piano, violino e violoncelo, - Mercedes Cabanach, Raquel Cravino e Luis Sá Pessoa, que arrebataram os presentes com estupendas interpretações, com relevancia para a musica de Astor Piazzola.
Quanto à poesia, os convidados foram por ordem alfabética e de apresentação, Carlos Peres Feio, Eduardo Martins e Jorge Castro.
Aquilo que eu li na sessão, foi o seguinte:



TOPONÍMIA DE CARCAVELOS

A importância do Nome

Todas as coisas, animadas e inanimadas têm um nome pelo qual são designadas ou qualificadas. Até mesmo as “anónimas” têm este nome – anónimas, que significa precisamente, “sem nome”…

São os nomes que identificam os lugares - becos, travessas, calçadas, ruas, largos, praças e avenidas. “Toponímia” significa em linguagem vulgar “o nome dos lugares”.

Existem na toponímia por vezes, repetições de nomes, até em lugares bem próximos, mas que espelham a importância e a relevância que as entidades a que se referem esses nomes têm para a memória colectiva, e a necessidade de as perpetuar dando o seu nome a lugares que por vezes não são os mais adequados aos que aquelas entidades mereceriam...

Depois há outro fenómeno que é o dos “Homónimos” – aqueles que possuindo o mesmo nome designam no entanto entidades distintas, muitas vezes sem nada em comum, a não ser precisamente o nome…

Por exemplo, o nome com que subscrevo este texto - “Eduardo Martins”, que é aquilo que designo na brincadeira como o meu “nome artístico”, não é nada raro. Referencio com o mesmo nome, como exemplo um conhecido armazém que ardeu no Chiado em Lisboa; um canalizador na Parede; uma antiga loja de bicicletas na Rua da Palma também em Lisboa; Há também em Lisboa na freguesia da Ajuda uma rua com o nome de “Eduardo Martins Bairrada” que foi arquitecto e estudioso da “Calçada à Portuguesa”.

Recorrendo aos motores de busca na Internet e procurando em “Eduardo Martins”, contendo estas palavras, há mais de quinhentas mil entradas, para Portugal e Brasil, embora, sejamos sinceros, muitas delas repetidas, mas que desse por isso, nenhuma se referia a mim...

Chego à conclusão que a minha relevância é muito restrita, “sou conhecido lá na minha rua”… e mesmo assim às vezes, nem “Bom Dia” nem “Boa Tarde”…por parte dos vizinhos…

Chega de falar de mim!

Falemos de Carcavelos!

“Carcavelos”: Freguesia do Concelho de Cascais, Distrito de Lisboa.

“Cascais” é um nome. Os estrangeiros que nos visitam e não ligam muito a preconceitos chamam-lhe “Cidade de Cascais”. E daí não vem nenhum mal ao mundo, nem nunca reparei que lhes corrigissem a expressão, até é uma promoção, porque cá na região, a designação mais corrente é “Concelho de Cascais”, para a totalidade do território, ou apenas para a parte histórica da freguesia de Cascais propriamente dita, “Vila de Cascais”.

Às vezes na imprensa, notícias redigidas por pessoas menos informadas das realidades e minudências da Administração Interna, também referem a “Cidade de Cascais”.

A propósito: Com o nome “Cascais”, seja localidade ou freguesia e muito menos concelho, não existe mais nenhum em Portugal…

No entanto, quanto a “Carcavelos”…:

Freguesia não existe mais nenhuma, mas há 9 localidades com o nome de “Carcavelos”, pertencentes a várias freguesias, nos concelhos de: Celorico de Basto; Góis; Monção; Oliveira de Azeméis; Soure; Vila Verde; e Viseu;

Mas uma coisa posso assegurar: Freguesia com o nome de Carcavelos, pertencente ao Concelho de Cascais, no distrito de Lisboa, com os becos, travessas, calçadas, ruas, largos, praças e avenidas com as designações que constam do livro “A Toponímia de Carcavelos”, não há mais nenhuma!


À procura da rua do meio
 

Hoje dei por falta de uma rua, a rua do meio.

Procurei no sítio onde habitualmente guardo as ruas

Estavam lá muitas, mas não estava a rua do meio,

Que era a que eu hoje precisava!



Fui à garagem ver se a teria deixado no carro.

Estavam algumas ruas estendidas no banco de trás,

Mas a rua do meio não estava no meio delas!

Onde é que a terei posto?



O que é que lhe poderá ter acontecido?

Como é que ela desapareceu?

Onde é que eu a poderei ter deixado?

Será que me roubaram a rua do meio?



Uma rua não desaparece assim,

Sem mais nem menos, sem se dar por ela!

Hoje de manhã saí à rua para comprar o jornal e beber um café.

E não me lembro de levar a rua do meio comigo.



Confesso que por vezes

Estou muito tempo sem ligar nada às ruas,

Nem sequer olho para elas.

Mas de vez em quando, levo algumas a passear



E elas gostam, gostam muito de ir à rua.

Chamam nomes umas às outras,

Dizem piadas, às vezes não têm cuidado,

Já houve uma que quase foi atropelada!



A rua do meio, já há muito tempo que não a vejo.

Mas hoje, precisava mesmo dela,

Para ver o que é que se passa no número 15 da rua do meio,

 E zás! Logo me acontece isto!



Estou mesmo aborrecido!

Eu sei que colegas meus também têm a rua do meio,

Mas são de outras terras, não é a mesma coisa

Mesmo que ma emprestassem, não resolvia nada.



Resolvi comer qualquer coisa

Fui à cozinha, abri o frigorífico,

E lá estava a rua do meio, muito fresquinha,

Metida numa travessa…



Eduardo Martins

Carcavelos, 15 de Outubro de 2011


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