DESCARTES
Cartas amorosas
Cartas raivosas
Cartas odiosas
Cartas rancorosas
Cartas precatórias
Cartas rogatórias
Cartas convocatórias
Cartas provocatórias
Cartas geográficas
Cartas orográficas
Cartas hidrográficas
Cartas topográficas
Cartas enrugadas
Cartas amachucadas
Cartas rasgadas
Cartas afogadas
Cartas sofridas
Cartas mordidas
Cartas vividas
Cartas perdidas
Cartas certeiras
Cartas inteiras
Cartas verdadeiras
Cartas derradeiras
Cartas de recomendação
Cartas de reclamação
Cartas de exclamação
Cartas de admiração
Cartas de amor
Cartas de ardor
Cartas de dor
Cartas sem cor
Cartas para barcos pilotar
Cartas para aviões controlar
Cartas para carros e motas guiar
Cartas para poder jogar…
O jogo da vida…
Carcavelos, Outubro 2011
CARTAS DE DESCOBRIR
As gentes que nas caravelas embarcaram
Por mares nunca dantes navegados,
Longos dias, semanas e meses penaram
Para dar novos sítios por achados…
Em seu redor apenas havia céu e mar
Por vezes calmos, muitas vezes agitados,
Nos tempos de ócios, dormir, comer e enjoar,
Jogar às cartas, sair ganhando ou derrotados.
Levavam baralhos de cartas sempre à mão
Para jogar quando a ocasião fosse propícia
E muitas vezes se gerava a confusão
Quando uns ganhavam demais, mas com malícia…
As cartas tinham naipes e figuras com valores,
Que eles aprenderam de um modo rude e natural.
Porque, se a bordo, iam frades de outros saberes conhecedores
Não lhos ensinavam, não fosse tanto saber fazer- lhes mal…
Naqueles longos períodos ociosos,
Com jogos de cartas sempre a decorrer
Se passaram tempos que podiam ser mais proveitosos
A ensinar e a aprender, a ler, a contar e a escrever.
E assim com a sorte e o azar muito jogados
Portugal, a fé e o império a muitos lados fez chegar,
Com homens rudes, que chegavam destroçados
Seguindo os frades que os não quiseram ensinar.
Se com novos saberes fossem dotados,
Vidas mais ricas poderiam vir a ter,
Mas os frades só para a sua missão estavam virados:
Chegar, divulgar a fé cristã, e a todos os nativos converter.
Eduardo Martins
Carcavelos, Outubro 2011
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