Já desde Dezembro do ano passado que não atirava nada para aqui. A produção também não tem sido por aí além, e a disposição idem idem.
Mas hoje, a exemplo do que vai acontecendo com o "software" informático, resolvi fazer uma actualização a este "Blovo", ou "Blegg".
Começando pelo fim, pelas comemorações do Dia Mundial da Poesia, realizadas nas Caldas da Rainha, pelo Comunidade de Cinéfilos e Leitores, como tem acontecido nos últimos anos, com homenageados e tudo, neste ano, a Historiadora e Editora da "Apenas Livros", Fernanda Frazão, e o Poeta Jorge Castro. No rescaldo das Caldas, escrevi a minha "Acta" das Comemorações...
2013
- DIA MUNDIAL DA POESIA
Do Carcavélico areal já afastados,
Não por mares nunca dantes percorridos,
Mas por montes e vales muito aplanados,
Com autoestrádicas rotas enriquecidos,
Não cavalgando corcéis de fino porte,
Mas noutro confortável meio de transporte,
(hidrocarbonetado a preço forte,
Que o litro de gasóleo está pela hora da morte,)
Nos fizemos às Cálidas e Regias paranças,
Onde Leonor, a que foi Rainha,
(e não a outra, aquela dada a incautas danças,
Quando descalça ia para a fonte, pela fresquinha…)
Fez aplicar aos doentes, de forma misericordiosa,
Para quase tudo curar, a água sulfurosa…
Mas daquele grupo, de viajantes lá chegados,
Nenhum ia tomar remédio enxofrado,
Porque um, o Jorge Castro, era o Poeta homenageado,
(e os outros, acompanhantes e honrados convidados)
Para a comemorativa e festiva sessão
Do Dia Mundial da Poesia,
Sendo a Historiadora e Editora Fernanda Frazão,
A outra homenageada do dia.
Que o acto de homenagem referido,
Foi, (como nos outros anos) muito bem organizado,
(tirando apenas, e com livro, um pequeno mal entendido,
Em que ninguém ficou ferido…)
Pela Comunidade que é de Cinéfilos e Leitores,
Que nas Caldas da Rainha tem já um cativo lugar,
Tendo como muito atentos curadores,
Os simpáticos e eternos sonhadores
Que formam um peculiar par,
Os amigos também da Poesia, Palmira e Carlos Gaspar.
Não vou falar da sessão pejada de merecidos elogios,
Que decorreu com a sala praticamente cheia,
E depois das boas vindas à vasta assembleia,
Os participantes arrolados mostraram os seus brios,
Tendo tocado, cantado, encantado, ou simplesmente declamado…
E assim, dado cabal cumprimento ao programa previamente
apresentado,
Nos despedimos finalmente, trazendo por companhia,
O aviso de que para o ano que vem há mais,
E que todos não seremos demais
Para continuar a celebrar e a homenagear,
O Dia Mundial da Poesia…
Carcavelos, 24 de Março de 2013
Em Março, nas "Noites com Poemas", foi esta a minha participação:
A HISTÓRIA COMO MEMÓRIA COLECTIVA
Se
começar com “Era uma vez…”
Não
sou muito original,
Porque
foi começando assim que cá se fez
A
descrição de tanta coisa em Portugal…
Puxando
pela memória colectiva,
E
a colectividade neste caso aqui sou eu,
Mais
a minha pessoa, e um “Alter Ego” meu,
Que
vasculhando numa memória ainda viva,
Descobriu
versalhadas bem antigas,
Bem
primárias, meras letras para cantigas,
Feitas
em idades verdejantes,
Quando
ainda tinha veleidades violo-cantantes…
Os
anos, bastantes, foram passando,
E
os poemas incognitamente descansando,
E
se de quando em vez ainda eram trauteados,
Apenas
agora, puxando pela memória foram digitados,
E
enviados para a nuvem que aqui acima esvoaçando está,
Onde
repousa a minha prática dita poética de há dois anos para cá,
De
poemas sujeitos a temas, seja aqui, nas “Noites com Poemas”;
Nos
“Poemas na Vila” de Coruche;
Em
Carcavelos no “Café Poema”;
Ou
na Junta de Freguesia, com a toponímia por tema…
para
já não falar de mais familiares afectos,
com
poemas dedicados aos meus netos…
Peço-vos
desculpa, e autorização
Para
relembrar a versalhada requentada,
Com
cerca de meio século de elaboração,
Quando
os sonhos eram, apesar de tudo, de cor bem mais rosada…
As
poesias foram então feitas para serem cantadas,
Chegaram
a ter melodias, também por mim elaboradas
Mas
não as vou cantar, porque nunca tive voz,
Nem
vou tocar viola, porque os dedos estão cheios de nós…
Se
me dão licença, deixo as poesias, simplesmente…,sós…
Eduardo Martins
Carcavelos, 14 de Março de 2013
As "poesias da juventude" que eu trouxe para a actualidade foram estas:
ALDEIA
TRISTE
Eu hoje vi uma aldeia
tão triste,
Tão sem gente, só de
mortos,
De velhos, e de
emigrados…
Tão sem risos de
crianças,
Tão sem domingos
alegres,
Com festas e arraiais…
Tão triste, tão pouco
alegre,
Só de pobreza vivendo,
Daquela pobreza triste,
Que não consegue ser
rica…
Eu hoje vi uma aldeia
tão triste…
Eduardo Martins, 1969
GUERRA
Há mães que choram, há
pais sofrendo,
Pelos seus filhos que
vão morrendo,
Não descobrindo porquê a
guerra,
Eles vão caindo por toda
a terra!
Por toda a terra, oh
triste sorte!
Joga-se à guerra,
ganha-se a morte!
E o filho amado, que já
não volta,
Provoca então grande
revolta
Contra o poder que nela
insiste!
Fazem a guerra e a
guerra é triste!
A guerra é triste porque
há a morte,
Mas ainda existe, oh
triste sorte!
Eduardo Martins, 1971
Para as participações nos "Poemas na Vila", que estão em grande em Coruche, foram estas os poemas que fiz:
POEMAS
NA VILA
A FORÇA DAS PALAVRAS
Há palavras que têm muita força.
“Halterofilista”, por exemplo.
Ou “grua”, “guindaste”, “guincho”…
Embora esta seja mais ambígua,
Podemos ser incomodados
Por algum ruído agudo,
Que entre pelos ouvidos dentro…
As “formigas”, também são palavras
Com muita força, embora muito pequenas.
Carregam pesos enormes, e ainda por cima
Vivem em “comunidade”, e
prestam “ajuda” umas às outras.
Há palavras sem força, como a palavra “fraca”…
E a palavra “leve”, que quase
não tem
peso,
E palavras como o “vento”, que levanta folhas e poeira,
E o “tornado” que
leva tudo num turbilhão ao
passar?
E as “ondas” e as “marés”, que
arrastam algas e detritos,
E atiram afogados contra as rochas,
E outros
despojos para as praias…
E há a palavra “feia”,
Ela própria se classifica,
E há o chamado “palavrão”,
Que com esta terminação,
Se torna uma palavra “enorme”,
E não cabe na boca de quem a diz…
E que tem de ser proferida
Da forma mais conveniente,
Ela, que já de si é
inconveniente…
O “palavrão” deve ser lançado boca fora
Como se fosse “vomitado”, “cuspido”, “escarrado”!
Pois é. As palavras têm muita força.
Ditas a “despropósito” podem causar “dúvidas”,
E atiçar “desconfianças”, que tantas vezes “infundadas”…
Levam até à “rotura” de “relações”…
Mas dita a propósito, uma palavra
Pode ser o inicio de uma bela “amizade”,
De um grande “amor”, e até quem sabe,
De um prolongado “Ódio de Estimação”…
Tudo depende da palavra e da sua força…
Podem acontecer coisas terríveis,
Se o “ç” da “força” perder a cedilha.
Então, as palavras morrerão enforcadas…
Eduardo
Martins
Carcavelos,
8 de Janeiro de 2013
POEMAS
NA VILA
UM
OLHAR SOBRE A POESIA
Eu bem
queria ter um olhar sobre a poesia
Que
fosse directo, sem intermediários…
Queria
olhar para a poesia de um modo claro e limpo…
Mas a
minha miopia não me
permite…
É sempre através de umas próteses
Que eu
a vejo…
Ou então, sem óculos,
Vejo a poesia toda desfocada…
Como
se ela própria
fosse difusa,
E como
se as palavras que a compõem
Não fossem palavras exactas,
Mas sim palavras desconexas
Integrantes de um discurso de faz de conta…
Palavras desarticuladas
Escritas para tentar impressionar
Aquelas pessoas que as tentam ler;
Mas que também se me tornam difíceis de ouvir,
Mas aí, quero acreditar que o defeito seja meu,
Porque com a idade, talvez esteja a ficar
duro de ouvido.
Não consigo ouvir aquelas palavras desgarradas
Ditas para tentar impressionar,
As pessoas que fingem que as ouvem,
Com um ar recolhido, de olhos fechados,
Como participantes convictos de um ritual
Iniciático de qualquer coisa,
De que o poeta que as declara de forma eloquente
É o oficiante
auto empossado…
Eu bem queria que a poesia fosse luminosa,
E que ao olhar de frente para ela,
Ficasse ofuscado pela sua beleza,
Pela sua singeleza e pelo seu conteúdo.
E pela mais valia que trouxesse às nossas vidas!
Mas
muitas vezes, quando olho,
Não sei o que vejo;
Quando
escuto, não sei
o que ouço;
Desculpem:
Não haverá nada
mais importante para dizer?
Eduardo
Martins
Carcavelos, 17 de Fevereiro de 2013
E também houve poemas para aniversariantes:
GUIDA
Margarida, Guida ou Tucha tu tens sido
Nos seguidos anos que já tens vivido.
E se à fonte não foste encher a cantarinha,
Noutras fontes outros dons foste beber,
Que de escrita, de desenho e de pintura,
E até de canto, de viola acompanhado,
Foste enchendo a tua vida com a arte,
Que do teu dia-a-dia já faz parte
E sem a qual, já não podes viver.
De fazer crescer crianças,
Em graça e sabedoria, fizeste actividade
E aos filhos quando vieram, de bem-vindos,
Soubeste dar a arte da felicidade.
Filhos crescidos e idos para outras vidas,
Outros lazeres e outras artes te atraíram,
E de novo deste o tempo por bem gasto,
Ajeitando em telas, a cor das tintas com bom gosto.
E chegaram as netas, e foste mãe outra vez.
E com a alegria e outra vez o desejo
De as fazer crescer em graça e sabedoria,
Escreves e pintas histórias, que recortas e recontas,
E plantas livros no jardim com arte.
Contas a partir de hoje mais um ano na idade
Da vida que com talento e arte tens vivido bem.
De ti ainda esperamos muita criatividade,
Porque ainda te faltam uns tantos anos para chegar
aos cem.
Eduardo Martins
Carcavelos, 25 de Janeiro de 2013
E porque talvez a preguiça estivesse chegando, para dar os parabéns ao meu amigo Carlos Feio também poeta e detentor de muitas outras facetas artísticas, enviei-lhe um simples email, em que me autoplagiava, porque a idade que o Carlos comemorava era a mesma da minha amiga Ana Nogueira, já em dezembro transcrita...
Carlíssimo Peres Feio:
Neste dia em que se comemora aquele em que há uns anitos
resolveste vir observar como era esta coisa do mundo em guerra, mais ou menos
lá ao longe, e depois de uma transferência de numeração anual, eu ainda cansado
e esvaziado com tanta informação e boas noticias que nos vão chegando, e
encontrando-me meio esvaído de imaginação poética, vali-me de um estratagema
que de vez em quando se utiliza, que é o de plagiar, neste caso, um duplo
plágio, primeiro, àquele nosso colega, o João de Deus, e segundo, um
autoplágio, visto que aproveitei quase integralmente uma versalhada de parabéns
que enviei em Dezembro, para uma amiga que também atingiu essa idade que tanta
vontade de piadar nos dá…
Portanto, aqui vai, e já agora, PARABÉNS!!!
Dia 2 de Janeiro de
2013
De uma maternal
cartilha
João de Deus, digno
autor,
Connosco também
partilha
Parabéns dados com
humor…
Inquiria ele gozando…
“Com que então caiu
na asneira…?”
E tu, sessenta e nove
chegando
Para completar
quarta-feira…
Cada número
redondinho
De circulo e cauda
formado,
Um ao outro bem
juntinho,
Cada cauda para o seu
lado…
Parece uma cambalhota
Harmoniosamente
acabada!
Batem perdigota e
bota,
Na reviravolta dada…
Deixa lá que a
seguir,
Hão-de chegar os
setenta,
E outros mais hão-de
vir…
Até chegares aos
noventa
E quando chegar à
centena,
E sempre a somar mais
um,
A festa não será
pequena
A olhar já para os
cento e um…
Porque sendo frugal e
engenhoso
E seguindo algumas
teorias orientais,
Continuarás criativo
e talentoso,
E chegarás aos cento
e um, ou mesmo mais…
Eduardo
Martins
Carcavelos, 2
de Janeiro de 2013
NATAL 2011, 2012…
Uma proposta de
comemoração
Se o Natal é sempre que um homem
quiser
Eu pela minha parte dispenso esta
festa.
Com data fixa a 25 de Dezembro.
Não pensem mal de mim,
Que sou egoísta, etc. e tal.
Antes pelo contrário,
Penso que o Natal devia ser todos os
dias.
No dia Mundial do Ambiente,
Os poluidores portam-se muito bem,
E até inauguram uns contentores novos,
Com a presença das autoridades;
No dia Mundial da Criança
Os pedófilos ficam em casa
A visionar filmes antigos;
No dia Mundial da Paz,
Os traficantes de armas, anunciam
Que nesse dia não venderam armas,
E até largaram pombas com ramos de
oliveira;
No dia da Mãe e no dia do Pai,
Os filhos até se mostram simpáticos
para eles,
Esquecendo o comportamento dos outros
dias,
Em que os ignoram e tratam mal;
Em todos os dias de qualquer coisa,
As más consciências apaziguam-se
E sentem-se com o dever cumprido.
A partir daí podem voltar
A fazer todas as sacanices
Por mais um ano!
É por isso que eu digo
Que o Natal devia ser todos os dias.
Mas que todos os dias
Também deviam ser os dias
Mundiais de Qualquer Coisa Boa
Para o futuro da humanidade,
Para que os comportamentos
Dos homens mudassem
Radicalmente.
E deveria ser decretada
A proibição da criação
Do dia Mundial dos Filhos da Puta,
Para que nem por um dia eles fossem
lembrados
E nem sequer pudessem voltar a existir!
E fosse vigiada escrupulosamente
A aplicação da proibição
E punidos severamente
Todos os prevaricadores,
Se a justiça para aí estivesse virada…
Eduardo
Martins
24
de Dezembro de 2011(revisão em 23 de Dezembro de 2012)
Estiveste no remanso, mas deu-te agora com toda a força! Isto é quase um relatório poético... Juntas-lhe quatro ou cinco mais e teremos obra publicável!
ResponderEliminarEntão, comento-te a meu jeito:
assim se diz, assim se é, assim se faz
e se é certo que à Vida tanto prometemos
daqui eu te digo, rapaz,
que ela é e nós seremos
tudo o que nela fazemos
... depois basta um tipo ir atrás. - Honni soit..., claro!
Quando tiveres já material considerável para dar um livro eu ofereço a edição. Baratinha claro, nada de luxos.
ResponderEliminarMas para já, PARABÉNS estás com sensibilidade à flor da pena.É a mudança da idade. Continua, pode ser que dê mais do que os tijolos.Um abraço HM
bom esforço! - tens uma poesia diversificada e divertida na maior parte dos casos, cheia de imaginação, e é bom juntar ao amigo desde há mais de cinquenta anos, o apreço por um "jovem Poeta" que promete!
ResponderEliminarabraço
carlos peres feio