sábado, 17 de setembro de 2011

NOITES COM POEMAS

A 16 de Setembro de 2011, o tema foi "VERSOS COM REVERSO", e o conversador, versejador e cantador foi Manuel "Pedra Filosofal" Freire, que nos trouxe as suas histórias e o seu grande sentido de humor.

A propósito do tema, apresentei estes versos:



VERSOS COM REVERSO 1


A SURPRESA



Agarrou no papel e pousou – o na mesa de pedra.

Começou a escrever num impulso continuado.

A caneta transmitia ao papel o que lhe ia na alma,

As dores que transbordavam do seu peito!



Contou amargurado, em versos,

Histórias de amores proibidos;

Enumerou catástrofes naturais;

Listou os horrores das guerras.!



Escreveu tanto que encheu a página,

E quando quis continuar a versejar,

Verificou que não tinha mais papel,

Mas agora não podia parar!



Resolveu então escrever

Na parte de trás da folha,

E preparou-se para a rodar

Da maneira mais adequada.

.

Com o polegar e o indicador da mão direita

Pegou no bordo superior direito da folha;

E moveu-a como se faz à página de um livro

Depois de já estar lida.



Quando acabou esta operação,

O resultado foi surpreendente!

A página estava completamente cheia

De caracteres incompreensíveis!



Alguém já tinha antes escrito, mas o quê?!

Naquela folha de papel?!

Fez a operação inversa

Para voltar à primeira página.



Mas entretanto pôs-se de pé,

A ler os versos da primeira página.

E como em frente havia um espelho.

Viu nele repetido o que estava a ler!



Ficou muito admirado: Como é possível

Que o que eu escrevi na primeira página

Seja igual ao que leio no espelho?!

Como é que isto acontece?!



Lembrou-se então do Leonardo da Vinci

Que escrevia e lia tudo ao contrário

Com a ajuda de um espelho

Para enganar os inimigos!
 


Mas ele tinha escrito tudo bem,

Não estava nada invertido!

Como era isto possível?

Que mistério era aquele?



Sentou-se de novo com a folha na mão.

Pousou-a nos joelhos, e olhou para ela:

Nos intervalos dos versos, através da folha

Continuava a ver a cor azul das calças!



Pegou na folha, olhou-a a contra a luz,

E só então percebeu que tinha escrito os versos

De um dos lados de uma folha de papel transparente…

Do outro lado da folha, viam-se como o reverso num espelho,

Os versos que tão impulsivamente escrevera…



Eduardo Martins

Carcavelos, Setembro 2011






VERSOS COM REVERSO 2

  

REVERSOS CONTRA VERSOS

  

Ainda são escritos versos com lirismos,

Enfatizando paisagens bucólicas…

Chamemos-lhe “arqueologia sentimental”!

Porque os reversos, são os campos abandonados,

E as florestas ardendo ciclicamente,

Para alimentar as aberturas dos Telejornais!



Ainda são escritos versos com meninos

Indo por montes e vales, a pé para a escola da aldeia…

Onde é que isso já vai?

Os reversos são as carrinhas da Câmara

Que os levam, para os agrupamentos escolares na Sede do Concelho,

Onde, segundo dizem, o rendimento do ensino é muito melhor…



Ainda são escritos versos neo-realistas,

Imbuídos de realismo -socialista,

Imitando o Redol ou o Soeiro, ou os primeiros Saramagos!

Os reversos são os capitalismos emergentes

Dos países onde se prometiam terras sem amos, a Internacional,

E que agora vão comprando o que resta do mundo…



Ainda são escritos versos de teor religioso

Eivados de espiritualismos de outros séculos

Quando havia muita necessidade de justificar o desconhecido…

Os reversos são estas sociedades laicas que inventam outros deuses,

Que também são à sua imagem, e sem semelhança nenhuma,

E aos quais também se sacrifica tudo…



Ainda são escritos versos sobre tanta coisa já passada,

Mas porque o mundo mudou tanto nos últimos tempos,

Deseja-se que os versos sejam sobre um futuro realmente melhor,

Porque os reversos, que ainda são presente agora,

Impostos pelas troikas e baldroikas

São só de impostos que ainda temos de pagar! 




Eduardo Martins

Carcavelos Setembro 2011

sábado, 10 de setembro de 2011

O PRIMEIRO ANIVERSÁRIO DA MINHA NETA VIOLETA

No dia 12 de Agosto deste ano, a minha neta Violeta completou o seu primeiro ano de algarvia, embora o tenha vindo completar (devidamente acompanhada de Pais e cadela...) junto dos Avós e Tios de primeira e segunda geração, e Primos de várias gerações, em casa dos Avós Maternos aqui no Concelho de Cascais.

Tal facto teve direito a soneto...


O ANO DA VIOLETA


 

A Violeta, minha neta

Tem um nome de flor

É muito querida, um amor

Mas nunca pára quieta



Gatinha por todo o lado

Passeia de cá para lá

Na cusquice sempre está

Com o olho arregalado



Topa tudo e bem atenta

Faz-se a ficar no retrato

Vê a máquina, logo senta



E é cada pose, que prato!

Não quer oito, só oitenta

Avô mais! Não sejas chato!


 

Eduardo Martins

12 de Agosto de 2011