Alusivamente, li o poema que escrevi para a ocasião:
A INCAPACIDADE
Quisera escrever um livro
Com um conteúdo bem sórdido.
Pouco colorido
De preferência queria que fosse
Vermelho e negro.
Mas o Stendhal já se lembrara disso.
O que não queria dizer
Que o título fosse aquele,
Agora quanto ao conteúdo, devia ser
Vermelho e negro.
Mas que fosse para todos os efeitos
Um romance negro,
No sentido policial, de crime por resolver,
Com muito sangue,
Que quando fosse feito o filme,
Seria substituído por molho de tomate.
Tentei tudo, mas o vermelho não me saia!
Aparecia era um verde esperançoso por vezes
Que me traía a trama do romance!
Tentei aligeirar o conteúdo
E fazer um romance cor-de-rosa,
Mas também não me saia nada de jeito,
Só uns tons amarelados…
Não percebia o que me estava a acontecer.
Entretanto uma voz sussurrou-me ao ouvido:
Se calhar tens
discromatopsia…
Quase saltei,
julgando ouvir uma ofensa.
Depois lembrei-me:
Pois é, eu não distingo algumas cores…
Sempre sofri de daltonismo.
Eduardo Martins
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