Nestas semanas todas, apenas foram paridas três poesias ( A princesa britânica pariu um príncipe herdeiro, e por cá foi-se parindo nem sei bem o quê...) da minha lavra: Uma de âmbito familiar, outra para as "Noites com Poemas", e outras para "Um Poema na Vila"... Foi o que se conseguiu arranjar...
FUTEBOLHÃO
Na
“Cubicidade”, ou melhor,
Na
“Vila de Olhão
Da
Restauração”…
Em
pleno Estádio Municipal,
Reinou
grande agitação,
E
surpresa para alguns…
Com
o inesperado festival
De
prática infanto-futebolística,
Última
manifestação
Da
precoce habilidade,
Antes
de haver a final,
Pela
“Zon Kids” patrocinada,
A
realizar em Guimarães,
Para
o efeito proclamada,
Depois
de Europeia da Cultura,
Como
Capital da Infantil Futebolada…
O
Festival contou com a presença
Domingueira,
atenta e devidamente equipada
(E
nalguns casos, familiarmente obrigada…)
De
muitos Avós, e Pais, e Mães…
O
calor era de rachar,
E
a espera desesperada,
Até
verem os rebentos actuar,
Mostrando
as habilidades
Inúmeras
vezes treinadas,
Alimentando
expectativas
De
universais glórias,
De
monumentais vitórias
De
fortunas excessivas…
Ou
então, de efémeras ascensões,
E
rotundos trambolhões,
Nas tristes realidades quotidianas
Dos
desempregos abundantes,
Das
economias derrapantes,
Que
nos tentam camuflar
Com
gráficos e contas erradas,
Pausadamente
rezadas,
Por
ministros impantes,
De
falsas sabedorias,
Impingindo
ao fundo a luz,
Dum
túnel que é um poço,
Sem
fundo, onde caímos nus,
Rotos,
de corda ao pescoço,
Famintos,
desesperados,
Arrastando
a imposta cruz,
Dum
calvário que não queremos,
E
que nem mesmo esquecemos,
Quando
o futebol nos acena,
Com
laivos de falsa alegria
Nesta
existência obscena,
Para
que somos atirados,
Depois
de bombardeados,
Por
milhões de promessas não cumpridas,
Que
tão bem, nos têm lixado as vidas!
Eduardo
Martins
30
de Junho de 2013
NOITES COM POEMAS
CONTAS x CONTOS x CANTOS E QUE +?
Quantas contas contas ao desfiar
As contas do teu rosário?
Quantas contas contas ao contar
As contas do teu colar?
Quantos contos contas
Quando contas alguns euros?
Quantos contos contas contar
Para o teu neto sossegar?
Quantos contos contas cantando
cantos de embalar?
Quantos cantos cantas e encantas
Fazendo tantos sonhar?
Quantos cantos tristes cantas
Pelos cantos solitários dessa casa
Em que foste tão feliz?
Quantos cantos ainda recordas
Quando foi Abril neste país?
Não têm conta os contos
Contados, cantados e recantados
Que tanto foram sonhados
E agora jazem coitados
Tristes, desanimados,
Refundidos, reformados,
Aposentados, lixados!
Pelos cantos ouvem-se ais,
Não há cantos triunfais!
Que fazer então?
E que mais?
Eduardo Martins
Carcavelos, 20 de Junho de 2013
UM POEMA
NA VILA
ENQUANTO
DURA O POEMA
Enquanto dura o Poema,
O interesse permanece,
Ou rápido, desaparece,
Tudo depende do tema.
Se ele é bem declamado,
E ouvido atentamente,
Então ele fica presente,
E na memória gravado.
Se é diligentemente lido,
E o conteúdo assimilado,
Digere-se o resultado,
E o
tema é
assumido.
Conforme a ocasião,
Ou anima o nosso mundo,
Ou bate-nos
lá bem
no fundo,
E
causa-nos depressão.
Ou é escrito com paixão,
Falando de amor eterno,
Que não é tema moderno,
Mas
alimenta a ilusão;
Ou há borboletas no ar,
E a pousar em florezinhas,
Ou esvoaçam avezinhas,
De amoroso pipilar;
Ou fala de alguém ausente,
Que se foi, porque morreu,
E o encaminha para o céu,
Tornando-o omnipresente;
Ou são descritos terrores,
Dramas horríveis e crus,
De povos morrendo nus,
Em nome de outros valores;
Ou é cheio de ironia,
Suave, ou apimentada,
Tendo
ficado corada
A vítima que atingia;
Pode
contar aventuras,
E histórias bem colossais,
Entre homens e animais,
Nas mais perdidas lonjuras;
Tudo depende do tema:
O
interesse permanece…
Ou rápido, desaparece…
Enquanto dura o Poema.
Eduardo
Martins
Carcavelos,
12 de Junho de 2013
Gostei deste, muito bom!
ResponderEliminarAGORA VOU VER OS OUTROS.
Parabéns!
Guida
Muito bem, Poeta! Os últimos dois já cá cantavam, por razões óbvias, da tua fantástica participação em "um poema na vila", que muito agradeço. Todos eles muito interessantes, por suculentos, e, como te é característico, brincando com o sério. Um beijo. Ana Freitas
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