segunda-feira, 23 de março de 2015

PROVA DE VIDA


Um período de gestação de quase catorze meses, em que as palavras, com ou sem cerejas, andaram por outros suportes, fizeram-me quase esquecer como é que se "enfiava" um texto no blog... Vamos a ver se isto aparece...

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

EM FEVEREIRO, DEPOIS DAS CHUVAS, VENTOS E MARÉS

Tenho andado a publicar algumas palavras por outras bandas (leia-se "Facebook"), mas hoje, para aí quase quatro meses depois, resolvi "enfiar" aqui a minha mais recente produção dita poética...

A jovem pintora Ana Camilo, convidou um grupo de amigos das "poesias", para participarem numa das sessões a realizar durante a sua Exposição na Junta de Freguesia do Estoril.

Aqui vai a minha participação:

 
A POESIA E A PINTURA
 

Poesia e Pintura:

Venho aqui, modéstia à parte,

Para mostrar e demonstrar,

As coisas comuns que têm,

Estas duas formas de arte:

Ambas começam por P;

Têm I no interior, e acabam

Ambas com A.

Eu bem sei que a Pintura

É maior, é mais crescida

Com as sete letras que tem;

É mais nova a Poesia:

Só seis letrinhas contém…

 

Também venho aqui dizer,

Quem é que apareceu primeiro,

Sem passar pela adivinha,

Do ovo ou da galinha:

A Pintura foi a primeira,

Feita em grutas e rochedos,

E a poesia, coitada,

Só podia ser falada,

E vá lá, também cantada,

E foi assim que ficou,

Pela memória relembrada,

Enquanto a escrita não chegou…

 
 
Eduardo Martins

Carcavelos, 24 de Outubro de 2013
 
 
 
UMA HISTÓRIA EM TÍTULOS DE PINTURAS
 
Em 2004, numa noite iluminada,
Nasceu o Luar, cuja luz foi prolongada,
Até Renascer em Ascensão,
Transformando-se num Dado,
Cujo maior Desejo era ser uma Miragem,
Revelando Segredos, Suspensos,
Em forma de Circulo Imperfeito,
Cujo Regressu, à Marginal,
Exalando um Perfume de Amor,
Anunciava um Tempo de Mudança,
Pleno de Fábulas, sobre
A Fonte do Desejo,
Onde se ouvia a Tentação
Sussurrante, soprar:
“Libertate”!
Então, desfazendo o Puzle dos Bigamus
Emergiu a Dama que,
Embora seguindo para a porta,
Com a indicação Exit.
Por Momentos,  parou,
E divagou o Olhar,
Até se fixar num Vitral,
Através do qual,
Se pressentia um viajante,
Com uma mala,
E com tradução simultânea
Em Francês: - (Voyageur)
De cujos Olhos caia uma Lácrima
Que alagou de talento
O ano da Ana de 2013…
 
Eduardo Martins
Carcavelos, 28 de Outubro de 2013
 
 
 
 15 ANOS DE PINTURAS EM TELAS E POEMAS
 
Sabemos que há opiniões bem diferentes,
Sobre as categorias dos vários ingredientes,
E sobre as percentagens permanecentes
Para obter como resultados finais
Objectos com qualidades artísticas tais,
Que sejam apelativos e também originais.
 
Fala-se de Vocação, Génio, Talento,
De Revelação, ou Inspiração
Mas também é preciso ter tento,
Porque sem usar a Técnica e sem Experimentação,
(Que dão trabalho e fazem transpirar…),
A melhor ideia, pouco aprofundada,  
Voa logo, leve com o vento,
Para a terra dos sonhos por concretizar…
 
Se para se escrever,
É preciso saber ler,
Para se poder escrever bem
Deve-se ler muito também.
Ler muito e atentamente
O que escreveram autores
Antigos e do presente,
Porque ao lê-los com atenção,
Se entende a intenção
Com que foram idealizadas,
E depois realizadas,
Tais escritas monumentais,
Belezas intemporais,
Que devem ser homenageadas,
E com justiça relembradas,
Com toda a veneração,
Pelos escritores actuais.
 
Não é preciso saber ler
Para se poder pintar…
Mas para se pintar bem,
Também se deve saber ler,
E ler com olhos de ver,
Os quadros daqueles pintores,
Dos Clássicos aos Actuais
Alguns de que se gosta mais,
Românticos ou Realistas,
Impressionistas, ou Surreais,
Cubistas ou Abstractos,
Da Pop-Art, ou Hiper-Reais,
Aqueles Pintores, especiais,
De quem se aprecia o rigor,
A textura, a técnica, a cor,
O tema, a inovação,
E a grande imaginação…
 
Olhando para uma pintura,
Ou para uma reprodução,
O pintor principiante
Sente uma revelação:
É assim que eu quero pintar,
É assim que quero fazer!
 
E é sempre influenciado,
Sem por vezes se dar conta.
Fica assim explicado,
Porque é que é tão vulgar,
Que as primeiras obras feitas,
Por quem está a começar,
Dêem mais ou menos ares,
De algo que já se viu,
Implícita homenagem,
Ao pintor que se admira,
Deixando assim bem patente,
Quem foi que o inspirou,
E o incitou a mais trabalho,
Mais rigor e perfeição
E mais criatividade,
Em busca do seu caminho pessoal…
E transmissível.
 
Eduardo Martins
Carcavelos, 7 de Novembro de 2013
 
 
 
Por essa altura do ano, de 2013, também estava para participar numa Tertúlia na Parede, designada "CULTURANOMURO". E aí, não pude ir por motivos "Bronco-pneumáticos"...
 
Mas já tinha feito o "Trabalho de casa", que é este:
 
 
CULTURANOMURO
 
PARA QUE SERVEM OS MUROS?
 
Quando um muro é erguido,
É mais que certo e sabido
Que nunca é para unir.
É sempre para impedir
Alguém de entrar, ou sair:
 
De entrar no que é privado,
E pelo dono registado
Como sua propriedade!
Aí não há liberdade
Para ir à fruta na quinta,
Ou tirar quadros, tesouros,
Ou outros bens duradouros
Daquela mansão distinta!
 
Ou de sair da prisão,
Onde está por roubar pão,
Ou outros bens essenciais,
Ou então, (já faltou mais!),
Por defender ideais
Contrários aos da governança,
Que a pés juntos afiança,
Que o futuro chegará,
Logo após o solstício,
Que marca sempre o início
Do inverno que virá…
 
Se o muro foi edificado,
E está ali para evitar
Que alguém o possa passar,
E se a cultura está no muro,
Para que seja divulgada,
E passada para o outro lado,
Ou se faz no muro um furo,
Ou se passa por escalada…
Mas… com o muro construído,
E a cultura encostada,
Esperando pela passagem,
Porque não se destrói o muro?
 
Deixo aqui esta mensagem.
 
 
Eduardo Martins
Carcavelos, 29 de Outubro de 2013
 
 
 
Para as "Noites Com Poemas", para  a sessão de Dezembro, Um Poema "Natalício"...
 
 
NATAL É O QUE UM POEMA TROUXER
 
P.O.E.M.A.
 
NA TAL palavra P.O.E.M.A.
não devia haver lugar
para esta gentinha:
 
Políticos sem memória;
Oportunistas desumanos;
Economistas incompetentes;
Mentirosos compulsivos;
Aldrabões de feira da ladra…
 
Mas NA TAL situação
em que estamos,
seria bom,
que em vez destes,
que têm mostrado
aquilo que valem,
houvesse lugar
para outros:
 
Pobres;
Ostracizados;
Escorraçados;
Maltratados;
Abandonados…
 
Porque se NATAL
É o que um Poema trouxer,
Também é sempre
Que UM homem quiser!
Há no entanto
Muitos outros que não querem…
 
E por este andar,
Neste Natal,
Se nada formos capazes de mudar,
A tal gentinha,
Tudo continuará a fazer,
Para que o NATAL
Seja bem triste…
 
 
Eduardo Martins
Carcavelos, 18 de Dezembro de 2013 
 
 
 
Também nas "Noites com Poemas" do mês de Janeiro de 2014, participei com o seguinte:
 
 
 

 
VIDAS, DOUTRINAS E SENTENÇAS DE PRÉ –SOCRÁTICOS ILUSTRES
 
OUTROS PRÉ - SOCRÁTICOS
 
Quanto às Vidas…
Pelo menos partes delas
São mais ou menos públicas;
 
Doutrinas, passaram por muitas…
A fascista, a corporativista,
A católica apostólica,
A católica progressista,
A maçónica, a socialista,
A opus –deista,
A social-democrata,
A tecnocrata,
A marxista, a comunista,
A maoista, a oportunista…
 
Sentenças, além das que debitavam
No exercício das suas funções,
Poucas ou nenhumas,
Contra si foram pronunciadas,
Pelo vários tribunais,
Organicamente constituídos,
Porque pela justiça dita popular,
Todos foram condenados,
Cada um à sua maneira,
E à medida das suas actuações…
 
É melhor não relembrar,
Os nomes destes Pré –Socráticos,
Não vão para aí surgir,
Novas condenações populares,
Colectivas ou individuais…
 
Ilustres… foram e ainda serão,
A maior parte das vezes por motivos
Que não trazem boas recordações…
 
Não fazendo futurologia,
Mas olhando apenas o presente,
Dos Pós – Socráticos actuais
Também as Vidas, as Doutrinas
E as Sentenças…
Deixam muito a desejar…
 
Eduardo Martins
Carcavelos, 17 de Janeiro de 2014 
 
 
 
Para Coruche, para a sessão de Janeiro de 2014, de "Um Poema na Vila", em que foi convidado o Professor José d'Encarnação, foi esta minha contribuição para a "Poesia Popular"...
 
 
 
UM POEMA NA VILA
DA POESIA POPULAR
 
Ouvido atentamente
O tema apresentado,
Acompanhado previamente
Por texto referenciado
E antes já publicado
Como “Nota e Comentário”
Surgindo como sumário
Daquilo que hoje foi dito
Acerca da Poesia
Daquela, da Popular,
Que ainda agora, hoje em dia
Nos consegue admirar,
Contando-nos coisas tais,
Antes ditas pelos jograis,
Quando não havia jornais,
E televisão nem pensar,
Deixou-me a mim a cismar:
“Porque não aproveitar
Esta onda popular,
Para vir divulgar aqui,
Em frente de todos vós
A mensagem que escrevi,
Cheio de orgulho e carinho
Para o Gustavo meu netinho,
Pela prestação escolar,
Corrida “a cincos” em tudo!
Mas porém, todavia, contudo,
Ainda joga futebol,
Ou joga computador,
E haja chuva, ou faça sol,
Lê livros com muito amor... 
 
OS CINCOS DO GUSTAVO NA ESCOLA
 Cinco dedos tem a mão,
Contados por todos nós,
Mas lá para os lados de Olhão,
O Gu outros cincos tem,
Deixando cheios de orgulhos
Avós, o Pai e a Mãe!
E para não causar engulhos,
E acabar com esta treta
Em verso, e sem ser em prosa,
Até a mana Violeta
Também ficou orgulhosa...
 
Eduardo Martins
12 de Janeiro de 2014
 
 
 
Também nas margens do Rio Sorraia, em dia de tempestade, em Plena Vila de Coruche, e celebrando-se a Lusofonia, escrevi assim:
 
LUSOFONIA - A LÍNGUA PORTUGUESA NA DIVERSIDADE CULTURAL
A LINGUA PORTUGUESA
 
O Fernando Pessoa,
Sempre proclamou
Que a Pátria dele
Era a Língua Portuguesa.
 
E assim, se sentia ele,
Trans-Continental
Mundial, Universal…
 
Com novas tecnologias,
Impensáveis no seu tempo,
Contactamos os locais
Que são a Pátria da Língua Portuguesa, 
E assim sentimos, (vendo, ouvindo e lendo)
O que vai acontecendo
Em sítios bastante reais…
 
(Quanto ao gosto, olfacto ou tacto…
Ainda se sentem mal
Quando em modo virtual…)
 
Mas em modo mais real,
Em contacto com outras línguas,
A nossa língua, a portuguesa,
(E os corpos que a contornam…),
Desde sempre deram cartas…
Sejam as de marear, jogar,
Namorar, acasalar…
(E muitas vezes até,
Depois de seduzir, fugir…)
 
Mas os resultados ficaram
Pelos sítios até onde
As lusas gentes chegaram…
Praticando aí a Física
E a Química dos corpos…
E as Artes Visuais,
As Tácteis, e as Linguais…
 
E assim, com sotaques diferentes,
Com achegas bem locais,
De dolências variadas,
De cândidas sensualidades,
Com a Língua Portuguesa
Nos fomos e temos entendido…
 
Até que umas luminárias,
Desejosas de mais brilho,
Inventaram um sarilho:
A rasoira linguística,
Surgida para nivelar,
Todo o luso linguajar,
No falar e no escrever,
Nos sete cantos do mundo:
Novo Acordo Ortográfico,
É o nome que lhe foi dado,
Rimando com pornográfico,
Porque esta “Novi-Luso-Língua”
Era imposta por decretos,
E esquecia os dialectos,
E as palavras bem locais,
E os modos de as dizer,
E sobretudo escrever,
Tornando-as todas iguais…
Mas muito pouco sensuais…
 
Porque foram os sotaques,
Os sinais, a semiótica,
Adoptados pelos locais,
Com achegas tropicais
 Que tornam a língua erótica,
Esta língua que usamos,
De um modo tão natural,
Neste imenso Portugal,
De falantes e escreventes
Luso – Língua - Resistentes,
De aquém e além-mar…
Eduardo Martins
Carcavelos, 9 de Fevereiro de 2014